Os presidentes do Benfica, Luís Filipe Vieira, e do Sporting, Dias da Cunha, manifestaram publicamente esta quinta-feira que o poder político tem de impor a «verdade» no futebol, porque é este que o tem de fazer. E essa verdade passa pela independência da arbitragem em relação à Liga e à FPF.
A passagem da «batata quente» é deliberada, nas palavras de Dias da Cunha, pois o líder leonino explicou que só o poder político o pode conseguir. Esta posição pretende denunciar o que o futebol tem de mal para que quem tiver poder para o corrigir o faça.
Reforçou-se a garantia de que não é um movimento contra quem quer que seja; pelo contrário, no seguimento do almoço com os presidentes do Marítimo, Carlos Pereira, e do Belenenses, Sequeira Nunes, a posição agora publicamente assumida vai ser apresentada na Liga para que o organismo que representa os clubes o direccione a quem de direito.
Os males apontados foram referidos, como já se disse, pela ausência de uma verdade que é «clamada» pelos subscritores do manifesto. A ausência dessa verdade contrasta com a «corrupção» e a «concorrência desleal» que são referidas como existentes; cujo corolário da situação acaba por ser radicada na situação de não haver árbitros portugueses pré-designados para o Mundial 2006.
As mudanças apresentadas como indispensáveis
Sendo preciso «começar por algum lado», as sugestões apresentadas englobam um «plano de contabilidade adequado»; uma «arbitragem acima de todas as suspeitas»; e uma «justiça desportiva autónoma».
No seguimento, é proposta então uma «fiscalização única» com «independência de quem fiscaliza» para a «totalidade dos agentes do futebol». A independência da arbitragem em relação à Liga e à FPP é também defendida com a própria organização desta nova instância a ser marcada pela separação entre quem gere o sector e quem classifica os árbitros.
A nova estrutura proposta deverá também ser ela própria fiscalizada por um Conselho Superior de Arbitragem a ser criado. Assim como também é proposta a criação de um Tribunal Desportivo. Para que tudo isto aconteça colocando a Liga nas funções que deve ter como associação dos clubes é referido como condição essencial que o poder político imponha a nova realidade.