Paulo Sérgio admite ter «uma quota-parte importante» na situação do Sporting na actual temporada, mas recusa ser o bode expiatório do (mau) momento dos leões.

«Estou cá para assumir, não fujo às minhas responsabilidades. Assumo que tenho quota-parte naquilo que tem sido a nossa temporada, quiçá uma quota-parte importante. Mas estou longe de ser o bode expiatório das coisas que estão a acontecer. As muitas peripécias terminam com mais uma, que é a saída de Costinha», defendeu o treinador nesta sexta-feira, na antevisão da jornada com o Olhanense (sábado, 21h15).

Desde que chegou ao Sporting, Paulo Sérgio ainda não teve oportunidade de se dedicar apenas à equipa, o que lamenta: «Sou eu que venho aqui todas as semanas. O presidente demite-se e eu falo, o Liedson sai e eu falo, agora o Costinha¿ Isto não ajuda à concentração no que são as tarefas de cada um.»

«Não sou ignorante, achava que ia ter todas as condições para lutar pelo título»

Se por tudo o que tem acontecido está arrependido de ter aceite o convite do Sporting, o técnico garante que não, mas adianta que o que tem em mãos não era o que esperava.

«Aquando da minha vida foi criado um quadro de ilusão bastante grande. Lembro-me de uma pergunta na primeira conferência de imprensa, que era se vinha para encurtar a distância de 26 pontos da época passada e eu respondi que vinha para ser campeão. Não sou ignorante, achava que ia ter todas as condições e mais algumas para poder lutar para ser campeão. Mas não me vou lamentar. Tem sido muito trabalho, com tremendas dificuldades, mas há que continuar a lutar. Acho também que nunca diria que não ao Sporting. Mas poderia ter sido mais útil, poderia ter ajudado de outra forma», argumentou.

«Adeptos não são completamente justos»

Paulo Sérgio assegura, igualmente, que vai continuar «a dar o peito às balas», apesar da contestação dos adeptos. O treinador compreende a desilusão nas bancadas, mas também entende que não estão a ser justos consigo.



«Acredito que naquele momento têm essa atitude [contestação durante os jogos] e mais a frio têm capacidade de reconhecer que não são completamente justos. Percebo as suas reacções, porque naquele momento quem tem de pagar é o treinador e as pessoas extravasam a sua ira para aquele que representa a equipa. Percebo e entendo a sua desilusão, de verem a sua equipa afastada de grandes objectivos. Mas quem é sério mais cedo ou mais tarde colhe os frutos do seu trabalho. Somos competentes e podemos dar a volta à situação. É sempre com este pensamento positivo e optimista que encaramos o dia-a-dia, não é metendo a cabeça na areia que vamos a lado algum», analisou.

«Conseguimos sempre levantar-nos»

Apesar das dificuldades cada vez maiores, na sequência de mais uma semana atribulada, Paulo Sérgio espera uma resposta digna dos jogadores. «Espero sempre muito dos meus jogadores, sou optimista, acredito no seu valor. Temos de ter a humildade de chegar a Olhão e deixar tudo em campo para sairmos de lá com os três pontos», perspectivou, acrescentando: «É muito importante somarmos uma vitória. Os resultados que não temos conseguido somar não são devidos à superioridade dos adversários mas pelos tiros nos pés que temos dado. Mas conseguimos sempre levantar-nos.»

[artigo actualizado]