O Sporting voltou às vitórias frente ao lanterna vermelha Rio Ave, no regresso ao campeonato após a goleada europeia. O leão esteve prestes a perder pontos pela terceira vez seguida, mas Abel, com um golo em cima dos 90 minutos, contornou a ira do poste, onde embateram três remates na recta final, num cenário já familiar. Desta feita, o Sporting vitorioso da Liga Europa repetiu o êxito no campeonato.

Não podia ter começado melhor o jogo, com Liedson a recuperar uma bola logo nos primeiros segundos e a conquistar o primeiro canto ainda o relógio não tinha completado um minuto. Mas tão atrevido foi o começo quanto repetitivo o desenvolvimento. Foi preciso esperar mais dez minutos para ver a bola chegar com perigo à baliza de Paulo Santos, com Postiga a atirar por cima um livre bem desenhado por Abel na direita.

Em campo estava, praticamente, a equipa que goleou o Gent na passada quinta-feira - Rui Patrício rendeu Hildebrand na baliza e Nuno André Coelho substituiu o lesionado Polga -, mas era o Sporting do campeonato que se apresentava frente ao Rio Ave, para satisfação do treinador Carlos Brito, que assim o tinha desejado. É mais fácil controlar o leão macio da Liga nacional que a fera europeia, tremendamente eficaz, terá pensado.

Mais ou menos à meia hora de jogo um lance para Olegário Benquerença decidir, muito contestado pelos adeptos da casa. Postiga marcou, mas o árbitro do Mundial tinha já assinalado a falta do avançado sobre o guarda-redes Paulo Santos, que terá pontapeado na recarga a um primeiro remate de Liedson.

No regresso de Rui Patrício à titularidade, após os jogos da Taça de Portugal com o Estoril e da Liga Europa com o Gent (Hildebrand foi primeira escolha em ambos e Tiago o suplente), bem pode o Sporting agradecer ao guarda-redes o nulo ao intervalo. O internacional sub-21 esteve sempre muito atento a João Tomás e, sobretudo, aos 39 minutos, adivinhou a intenção do goleador, que simulou um cruzamento mas rematou com perigo, defendendo Rui Patrício para canto.

Poste maldito, poste maldito, poste maldito

O Sporting entrou mais determinado na segunda parte, mas também o Rio Ave manteve a esperança de somar um ponto. Já sem Nuno André Coelho em campo, saiu lesionado para a entrada de Torsiglieri, o leão perderia ainda o levezinho, Diogo Salomão e Matías Fernadez, este último permanecendo em campo esgotadas as substituições.

O leão, mesmo ferido física e emocionalmente, foi capaz de construir mais oportunidades, Evaldo, Maniche e João Pereira surgiram mais criativos, mas a finalização teimava em não sair.

Mas mais do que Paulo Santos foi o poste da sua baliza quem adiou o golo do Sporting, primeiro por João Pereira, depois por Postiga, duas vezes. Quando Abel consegue, finalmente, bater a baliza de Paulo Santos, Carriço pontapeou o (maldito) poste várias vezes. Era o rugido do leão, o pontapé na crise de resultados, a resposta ao azar, o fôlego há muito perseguido.