O Sporting empatou em casa com o Basileia e na manhã seguinte as capas dos jornais tinham o nome de Sá Pinto em letras grandes.

Este sábado, a fotografia do treinador do Sporting ocupava ainda mais espaço e o tom da imprensa desportiva era só um: ganha ou sai.

Perante estas primeiras páginas, os dirigentes do Sporting podiam tomar uma de duas atitudade: assobiar para o ar ou reagir.

Assobiar para o ar seria entendido como uma confirmação das notícias e teria como resultado a manutenção da pressão sobre o treinador do Sporting.

Reagir obrigaria os responsáveis a reforçar a posição de Sá Pinto, aparecendo ao lado do treinador e assim explicando aos sócios que nada mudará.

Até agora, às 16:51, impera o silêncio.

A manter-se, Sá Pinto terá este domingo uma conferência de imprensa delicada e será obrigado a comentar as notícias, sozinho. Será um momento que não contribuirá para descobrir a tranquilidade de que o clube precisa para ganhar.

Mas será que se justifica pensar na saída de Sá Pinto?

Antes de aí chegar, o início da história.

Godinho Lopes ganhou as eleições apoiado em Domingos.

Parece hoje claro que uns meses depois a direção concluiu que o treinador não tinha perfil para suportar o trabalho num clube grande como o Sporting.

Por isso deixou-o cair. Teve semanas para chegar a essa conclusão e preparar a sucessão.

Escolheu Sá Pinto, na altura treinador nas camadas jovens, antes dirigente, ex-jogador muito apreciado em Alvalade.

Sá Pinto sentou-se no banco. Teve sucesso na Europa e falhou o objetivo mínimo em Portugal, ficar em terceiro lugar.

Godinho Lopes não hesitou, prolongou o contrato do treinador até 2014.

Neste ponto precisamos de parar.

O Sporting conhece muito bem Sá Pinto. E em alguns meses teve oportunidade de observar como se comporta no balneário, como gere o plantel, como se relaciona com a administração e como fala com os adeptos.

Durante esse tempo, admito que tenham durado as horas as conversas sobre futebol. Tipos de jogador, características, formas de atuar, objetivos.

Como observador, só posso pensar, ao ser informado da renovação de contrato, que existe importante coincidência de pontos de vista entre quem dirige e quem se senta no banco.

O defeso trouxe algumas caras novas e ditou a saída de jogadores que pareciam importantes, como Onyewu, Polga, João Pereira e Matías Fernandez.

A bola começou a rolar e os resultados não aparecem.

É altamente improvável que a conclusão a tirar seja a que os jornais indiciam: o treinador não presta, tem de sair.

Não, não pode ser essa.

Se por acaso o treinador não corresponde, então é porque quem o escolheu, com toda a informação disponível para não se enganar, cometeu um erro grave. No caso, a confirmar-se, o segundo em pouco mais de um ano.

É por isso que só posso encarar o silêncio dos dirigentes do Sporting (entretanto são 17:03) como distração. Daqui a pouco aí estarão eles, ao lado do treinador.

Só pode.

O destino de Godinho Lopes e Sá Pinto está unido. Desta vez a saída do treinador implicaria a queda da direção, novas eleições. Até por uma questão de pudor.

Resta por isso ao presidente apoiar Sá Pinto e esperar que a bola se aproxime da grande área e acabe por entrar na baliza do Gil Vicente.

A liderança que está em avaliação é a de Godinho Lopes, não a de Sá Pinto. Convém não esquecer.

P.S. : Além do que escrevi, há um outro ponto: por tudo o que o Sporting sempre quis que Sá Pinto representasse, o treinador não merece que o clube o deixe a arder em lume brando nos jornais. Há mínimos.