Não é milagre, mas em boa medida é obra de Jesus. Dois anos depois, o Sporting volta a liderar a Liga.
No entanto, melhor do que o comando, sob a perspetiva leonina, é o facto dele surgir na sequência de um triunfo claro na Luz, em plena casa do rival Benfica, algo que não acontecia desde 2006.

Mas é preciso recuar muito mais, mais precisamente à era dos “Cinco Violinos”, para encontrar uma derrota do Benfica na condição de visitado por números tão pesados.

A última vez que os leões venceram por três golos de diferença havia sido em 1948: 4-1 com um "póquer" de Peyroteo, num jogo disputado no Campo Grande.

Inversão de tendência no dérbi
Desta vez, a derrota foi na Luz, com 63 mil adeptos a assistir e com Jorge Jesus do lado verde e branco.
Foi a noite dele, na verdade. No regresso de JJ ao lugar onde foi feliz, Téo Gutiérrez, Slimani e Bryan Ruiz sentenciaram logo na primeira parte uma vitória categórica que indicia a inversão de tendência nos confrontos entre os dois rivais de Lisboa.

O técnico que levou o Benfica ao bicampeonato sublinhou-o no final do jogo: em seis anos nos encarnados perdeu apenas um dos 14 embates com o Sporting. Agora, do outro lado da barricada, venceu os dois super-dérbis que disputou esta época: o primeiro valeu uma Supertaça, o segundo, em território inimigo, valeu a liderança da Liga.

Dragão ajuda na liderança isolada
No entanto, não foi só na Luz que alumiou a ascensão isolada dos leões ao topo da tabela.

No Porto, no outro jogo grande da jornada, o Sp. Braga com menos 48 horas de descanso teve fôlego suficiente para travar um dragão com pouca chama ofensiva.

Resultado: um nulo, penalizador para a equipa de Lopetegui, que mais uma vez mostrou a sua falta de ideias perante um adversário capaz de se fechar durante boa parte do tempo.

Ficou assim o Sporting com dois pontos de vantagem sobre o FC Porto e com oito (!) sobre o Benfica, que ocupa uma inimaginável 8.ª posição com quase meia primeira volta já disputada, apesar de ainda poder reduzir distâncias num jogo em atraso com o União da Madeira, próximo adversário dos azuis e brancos.
 
Só uma vitória caseira
Mas houve mais na ronda deste fim-de-semana, em que só uma equipa venceu em casa...

Houve um empate com sabor a vitória do V. Guimarães que em casa resistiu com nove jogadores em campo para segurar o empate (1-1) frente à Académica.

Houve importantes triunfos fora, ambos por 0-2, de Paços de Ferreira e Vitória de Setúbal nos redutos de Marítimo e Moreirense, respetivamente.

E houve também uma estreia razoável na Liga de Rui Bento no comando técnico do Tondela, que foi empatar a Arouca (1-1); e o Rio Ave, que só não consolidou ainda mais o surpreendente terceiro lugar porque acabou por deixar-se empatar (2-2) ao cair do pano no Estoril.

Tudo isto numa jornada que começou na sexta-feira com um pouco interessante nulo do Boavista na Madeira frente ao Nacional e terminou esta noite noutro duelo, com o Belenenses a conseguir a "proeza" de ser a única equipa a vencer em casa nesta ronda, graças a um golo último minuto frente ao União da Madeira (1-0).

O grande destaque, porém, vai direitinho para o Sporting, novo líder isolado, que há 67 anos não ia a casa do Benfica vencer de forma tão clara. Esse feito, em grande medida, é obra de Jesus.