Quase dois meses depois, Islam Slimani está de volta às opções de Marco Silva. A presença na Taça de África das Nações (CAN) e uma lesão muscular na coxa esquerda afastaram o internacional argelino das opções do treinador do Sporting durante um período significativo, mas o ponta de lança apresenta-se agora, em especial depois dos minutos que já atuou diante do Wolfsburgo, como um trunfo importante para a visita ao Estádio do Dragão, em jogo da 23ª jornada da Liga.

Slimani falhou os primeiros jogos da época devido ao processo disciplinar instaurado pela SAD, mas a partir da terceira jornada recuperou uma titularidade que já lhe tinha sido dada por Leonardo Jardim, na segunda metade da época anterior. Marco Silva seguiu a linha do antecessor, e só prescindiu do argelino em jogos da Taça da Liga ou da Taça de Portugal (ou quando o mesmo estava indisponível, claro).

Quando se ausentou, no início de janeiro, Slimani era o melhor marcador da equipa, com nove golos em vinte jogos. Fredy Montero superou entretanto esta marca (tem dez golos), mas não apagou as saudades do argelino. A prova disso é que nos últimos jogos Marco Silva até tem apostado em Tanaka, mas agora Slimani regressou às contas do técnico leonino.

Antes da participação na CAN já Slimani tinha falhado cinco jogos do Sporting: os dois primeiros por causa do processo disciplinar, conforme já referido; a receção ao Marítimo para a oitava jornada (por lesão); e os jogos com Sp. Espinho e V. Guimarães para a Taça de Portugal e Taça da Liga, respetivamente. Nestes cinco jogos a ausência do argelino não se fez notar muito, pelo menos no que diz respeito aos resultados, já que o Sporting venceu quatro e empatou um (em Coimbra, no arranque da Liga, jogo em que William Carvalho foi expulso). Marcou treze golos e sofreu apenas três.

Mais recentemente, com a presença na CAN e a lesão muscular, Slimani falhou doze jogos consecutivos. O Sporting venceu sete, empatou três e perdeu dois (no Restelo e em Wolfsburgo). Os «leões» marcaram 21 golos e sofreram onze, neste período.

Fredy Montero e Junya Tanaka, as alternativas, chegaram a partilhar a titularidade (com o Famalicão, para a Taça de Portugal), mas essa foi apenas uma exceção. Nos restantes onze jogos só houve espaço para um no «onze»: Montero foi mais vezes a primeira opção (sete aparições como titular desde a partida de Slimani), mas marcou apenas três golos na ausência de Slimani. Tanaka só jogou quatro vezes de início, mas marcou quatro golos no mesmo período.

O leão ganha outra dimensão

Dois meses depois, Slimani reentra na luta pela titularidade que era sua. E o argelino pode moralizar a equipa, até por ter sido o autor do golo com que o Sporting derrotou o FC Porto na 23ª jornada da época passada, em Alvalade (1-0).



«A equipa sabe que, com ele, ganha outra dimensão. É outro estilo, a equipa sente-se mais confortável. Os colegas sabem que há ali capacidade goleadora, e é um elemento que já tem algum estatuto no clube», diz Paulo Alves à «MF Total».

O antigo ponta de lança do Sporting considera que o argelino «é um jogador importante pela agressividade na finalização e na forma de atacar o espaço e a bola». «É muito diferente dos outros, não só pela finalização como também pela pressão que exerce», sustenta o agora treinador do Beira-Mar.

Paulo Alves lembra o potencial do jogo exterior do Sporting, que «tem grandes flanqueadores», e diz que Slimani «encaixa nesse perfil, nesse estilo de jogo». «Não só pelos cruzamentos mas por ser uma referência a jogar de costas. O Slimani é forte a segurar a bola, permite que a equipa suba e pode até desviar a bola para a entrada de um extremo. Os outros [Montero e Tanaka] são mais jogadores de apoios, de passe mais curto, e precisam que a equipa esteja mais junta», analisa.

O antigo internacional português acrescenta que «uma equipa precisa sempre de um homem-golo», mas que «mesmo quando Slimani não marca complica muito a tarefa dos defesas, abre espaço para os colegas». «O Sporting não tem outro jogador assim, com esta intensidade», resume.