Quando se fala de José Almeida, o irmão do Nani, a primeira ideia que ocorre é pensar no empresário de jogadores. José Almeida começou por enveredar por esse caminho, é verdade, mas nunca foi o que sonhou. Por isso hoje é dirigente.

 

«Ser diretor desportivo foi uma coisa que sempre quis», conta ao Maisfutebol. «Estudei na Holanda, tirei o curso de treinador e dediquei-me a ser empresário. Mas o que sempre desejei foi trabalhar num clube e construir um projeto ambicioso.»

 

A carreira de empresário, conta, começou um pouco por acaso.

 

«Surgiu por causa do meu irmão. Quando ele assinou pelo Manchester United convidou-me a ir com ele para Inglaterra e tratar da vida dele. Assim aconteceu.»

 

A verdade, porém, é que o mundo da representação de jogadores acabou por lhe abrir as portas do dirigismo. José Almeida começou a agenciar vários atletas, entre eles alguns holandeses, e numa conversa com um presidente para lhe apresentar um jogador que representava acabou por surgir o convite.

 

«Foi no Cacereño, de Espanha. Estava a apresentar um jogador e o presidente perguntou-me se não queria ser diretor desportivo do clube. Aceitei de imediato.»

 

O Cacereño, no entanto, ou antes aquele Cacereño, acabou por não ser o que esperava.

 

«Já saí do clube, porque descobri que o presidente não tem interesse em que as coisas corram bem. Desde maio que não paga a ninguém, nem a mim nem aos jogadores, a ninguém», conta.

 

«Tinha responsabilidades sérias que estavam debaixo do meu nome, o seguro do estádio, o seguro dos atletas, que ele não fazia. Senti que era melhor sair»

 

 

O Cacereño atua na II Divisão B de Espanha e o projeto de José Almeida passava por colocá-lo na II Liga. Nesta altura, e perante muitas polémicas, está em último lugar.

 

«Trouxe um jogador holandês de classe para treinar duas semanas no clube. Saiu de lágrimas nos olhos e a dizer que nunca tinha sido tão maltratado na vida. Por isso a minha imagem estava a sair mal vista e acabei de por me demitir de diretor desportivo.»

 

O irmão de Nani não abandonou porém Cáceres: não deixou a cidade, nem o clube.

 

«O presidente passou-me uma procuração para vender o clube a um investidor que esteja disponível para o comprar. Essa procuração é válida até janeiro e portanto até janeiro tenho de vender o clube. Não desistir de estruturar o Cacereño, trazer bons jogadores e criar um bom projeto que lhe permita subir à II Liga.»

 

«Tenho tido propostas de outros clubes aqui da Extremadura, de Espanha, para me tornar diretor desportivo, mas recuseia-as porque quero insistir no Cacereño. É um clube com ótimas perspetivas. Tem infraestruturas, tem um estádio que é dele, o que aqui é raro, tem terrenos, enfim, é um clube com grande potencial de investimento.»

 

Por isso a vida de José Almeida vai passar nos próximos tempos pelo dirigismo, e em particular do dirigismo em Espanha.

 

«A não ser que apareça uma proposta do Sporting», sorri. «Não, agora a sério: a única coisa que me fazia pensar sair daqui era uma proposta de um clube português.»