Jorge Jesus comparou os treinadores de futebol aos artistas. Em entrevista à SIC, o técnico do Sporting considerou que um treinador é um pouco como «um escritor ou um pintor». «A arte tem de se criar. Procuro estar sozinho porque tenho de pensar naquilo que tenho de pôr em prática. Os executantes são os jogadores, mas eu sou o criador», disse.

Na mesma entrevista, Jesus falou ainda sobre as suas ideias de jogo, garantindo que a maioria delas saem da sua cabeça. «Não me agarro àqueles livros com treinos. Isso para mim é zero. Criei uma ciência em relação à minha ideia de jogo.»

Para desenvolver essas ideias, o técnico, de 61 anos, admitiu recorrer a outras modalidades. «Já fiz um estágio com um treinador de basquetebol, o Alberto Babo, já fiz com um treinador de hóquei e daqui a pouco tempo vou fazer um estágio com um treinador de futsal.»

Para Jesus, um treinador de futebol precisa de entender várias componentes para além do jogo. «Se eu começar a falar aqui em pentes de relva… o corte que tem chama-se pente 19, pente 18… Eu peço aos técnicos para não passarem do 21, mas se calhar isto é chinês para a maioria dos treinadores. Isso faz diferença nos resultados da equipa. Um treinador de topo tem de ter muitas competências para além do treino», disse.

Numa entrevista conduzida pelo jornalista Nuno Luz, Jorge Jesus foi confrontado com o facto de gritar muito com os jogadores durante os jogos. «Podia ser de outra forma: ‘Ó Slimani, faxâvor. Estás mal colocado…’ Isso não existe, o futebol tem uma linguagem própria.»

Ora, se o futebol tem uma linguagem própria, Jesus admitiu também ter uma personalidade muito característica: «Sou o que sou e não é agora que vou mudar. Sou convencido? Sou. Porquê? Porque sei que o meu trabalho é diferente do dos outros.»