Protagonista do episódio 59 do «ADN de Leão», João Virgínia recordou a experiência em inglaterra desde a passagem pela formação do Arsenal, da experiência de trabalhar ao lado de Petr Cech, o  e da estreia da Premier League pelo Everton.

«O Petr Cech é um dos meus [guarda-redes] favoritos. Trabalhei com ele no Arsenal e pela pessoa que é. Ajudava-me muito e falava muito comigo. Tinha 16, 17 anos e ele tratava-me como se fosse  discípulo dele. Ele fala pelos cotovelos e sabe quatro ou cinco línguas. Às vezes tentava falar comigo em português. Ele fala espanhol, francês, checo, inglês e um bocadinho de alemão. Foi o guarda-redes mais influente da minha carreira. O mais importante num guarda-redes? A colocação, a leitura de jogo... Analiso a presença em campo. Se for tímido ou pequenino parece que não enche a baliza. Gosto de um guarda-redes com postura e que transmite segurança à equipa», começou por dizer.

«O Cech estava no final da carreira. Ele jogava, descansava dois ou três dias e treinava só dois dias. O que é preciso para chegar ao nível dele? É difícil prever o futuro no futebol. Depende muito dos momentos. Fiquei muito feliz por voltar a Portugal. Estava cansado. Por vezes o tempo deprime», acrescentou. 

O internacional sub-21 português lembrou ainda a estreia pelo Everton no principal escalão do futebol inglês.

«Cheguei a jogar na Premier League. Entrei depois de o Pickford se lesionar. Foi brutal, mas só foi pena porque não havia adeptos nos estádios. Entrei aos 40 minutos contra o Burnley e não sofri golos. É a melhor Liga do muito, há muita intensidade e o jogo não para. O árbitro marca a falta e não há discussões. O árbitro não tem culpa. Aqui em Portugal o banco levanta-se e o árbitro precisa de gerir um bocadinho. Lá os estádios estão sempre cheios, aqui compram os bilhetes de época e faltam aos jogos», disse, comparando o futebol nos dois países. 

«Potugal não tem nada a ver com Inglaterra. Saltos do banco, o árbitro manda-te embora. Não podes refilar como fazemos aqui. Não dá bom resultado. Mas cada vez mais vibro no banco. No outro dia, levantei-me no banco e o Vital disse: 'João, volta para o banco!'. Não dava para controlar tanto.»

O guardião revelou que agora é a «ponte» para o Edwards pelos anos que viveu em Inglaterra. 

«Ainda penso muito em inglês. Estive cinco anos em Inglaterra, é normal. Agora sou a ponte para o Edwards. Ele era do Tottenham, eu do Arsenal e vivia no mesmo sítio que ele», contou. 

Virgínia defendeu ainda a ideia de que é «mais fácil um guarda-redes» tornar-se treinador, lembrando os casos de Nuno Espírito Santo e de Michel Preud'homme.

«É mais fácil um guarda-redes ir para treinador, porque já é um treinador em campo. Organiza a equipa, especialmente a defesa. Eu grito muito e tento organizar a malta. Fico feliz quando não há remates. Às vezes digo: 'Neto, fecha mais ali do lado direito'. E ele fecha. acaba por cortar a bola e eu fico feliz. Estou atrás do Coates e posso dizer-lhe alguma coisa, tento ajudar para o bem da equipa. Ser treinador? Não sei. Se vires bem, ainda posso jogar 20 anos. O Buffon ainda joga e tem o dobro da minha idade», argumentou.