Jorge Jesus revelou que só sai de Portugal para um grande da Europa. O treinador do Sporting, em entrevista à agência de notícias espanhola EFE, fala ainda de um Sporting que precisa de «cultura de campeão» e volta ao passado para falar de Matic e outros jogadores que já lhe passaram pelas mãos.

«Só sairei de Portugal se aparecer uma grande equipa da Europa. Para ganhar dinheiro podia ir para o Qatar ou para a China, mas não me apetece muito», admitiu o técnico, de 61 anos, que após conquistar três títulos de campeão em seis épocas no Benfica rumou ao rival Sporting.

Jorge Jesus reconheceu a polémica que a transferência provocou, mas reitera o empenho e profissionalismo em qualquer clube onde trabalhe. «Em Portugal foi uma decisão polémica. No estrangeiro não têm noção da polémica que foi. Mas fi-lo com naturalidade. Não sou um treinador de um clube, sou um treinador do mundo, que treina com paixão e sabedoria, como o fiz no Benfica e estou a fazer agora no Sporting», comentou.

Matic, se estivesse comigo, era o melhor»

O treinador admitiu orgulhar-se do seu contributo na valorização do médio sérvio Matic, atualmente no Chelsea. «Não era médio defensivo, era ofensivo. Eu mudei-lhe a posição no Benfica. Ele nunca tinha imaginado em jogar ali. Atualmente, é um dos melhores médios defensivos do mundo. Se estivesse comigo, era o melhor. Agora, é o segundo ou o terceiro», respondeu um Jesus sorridente.

Quanto a outros jogadores, como Di María, David Luiz, Fábio Coentrão, Ramires, Javi García e Enzo Pérez, Jesus reconhece que a sua valorização também ficou a dever-se ao seu trabalho. «O treinador é como um artista. Tem de ser um criativo, um visionário. Com o meu método de treino, eu ajudo os jogadores a crescerem sempre que tenham talento. Ajudámos a crescer jogadores que hoje são top do mundo. São tantos que lhe perdi a conta», disse.

Relativamente ao Sporting, Jesus realçou a importância do «sentimento» de pertença promovido pela presença de jogadores da formação na equipa principal, salientando a necessidade de conseguir a «cultura de campeão».

Na mesma entrevista Jorge Jesus explicou que sempre que está em casa «consome futebol», apontando ainda a exigência como ponto-chave na sua relação com os jogadores. «Sou exigente e sou amigo, mas não confundo a disciplina com a ditadura, nem a opinião ou a democracia com o caos. O meu lema é a seriedade, o compromisso e o grupo em primeiro. Sou muito exigente e quem é exigente é inevitavelmente um pouco frio», admitiu.

Confrontado com algumas experiências menos felizes de treinadores portugueses no comando técnico de equipas espanholas, Jorge Jesus elogiou os desempenhos de José Mourinho no Real Madrid e de Nuno Espírito Santo no Valência. «Os portugueses são dos melhores, se não os melhores treinadores do mundo. Segue-se muito a nossa metodologia de treino e de jogo. Por exemplo, não é por vaidade, mas quando treinava o Benfica, a minha equipa, juntamente com a do Barcelona, era das mais procuradas na Internet por quem queria analisar movimentos táticos», recordou, assegurando que os técnicos portugueses «estão na vanguarda há vinte anos».