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Jorge Jesus falou nesta terça durante o estágio que o Al-Hilal está a realizar na Áustria e assumiu que os dias que se seguiram ao ataque na Academia de Alcochete foram «muito complicados para os jogadores», defendendo que, dadas as circunstâncias, a equipa não devia ter jogado a final da Taça de Portugal, que o Sporting perdeu dias depois desse ataque, frente ao Desp. Aves.

«Reconheço que não deveria ter aceitado jogar aquela final… deveria ter feito tudo para impedir a sua realização, eu e as pessoas que têm responsabilidade no Sporting. A verdade é que não olhei muito para os interesses do Sporting, olhei mais para os interesses do futebol», confidenciou Jesus à A Bola TV

O técnico diz que acreditava que realizar aquele jogo decisivo era uma forma de «mostrar que há quem manda e que as instituições não se intimidam», elogiando  o presidente da Federação, Fernando Gomes, «que teve o cuidado de ligar várias vezes» para saber se o treinador «achava bem que a final se realizasse», ao mesmo tempo que assume que «logo no aquecimento» se apercebeu «que não tinha equipa».

Ainda sobre os incidentes na Academia de Alcochete, Jorge Jesus garante que nem as derrotas na Liga Europa o afetaram tanto. «Foi, de facto, um dia traumatizante para mim. Perdi finais da Liga Europa mas nenhuma me traumatizou tanto como a final da Taça de Portugal.»

O impacto daquele episódio foi tão forte que Jesus garante que «nunca mais» conseguiu entrar na Academia, compreendendo, por isso, os jogadores que rescindiram contrato com os leões. 

«Foram momentos difíceis. Ninguém tem a noção do que se passou. Parecia um filme de terror… tochas nos balneários… ameaças alto e bom som que nos iam matar… agressões… não é por acaso que nunca mais consegui entrar na academia… até pedi ao Márcio e ao Paulinho para trazerem as minhas coisas… nunca mais lá entrei…», revela, na entrevista já referida.

Mais tarde, em entrevista à CMTV, Jesus admitiu também Sousa Cintra «tentou de tudo» para que voltasse ao Sporting.

«Até tentou falar com a embaixada, porque eu não tinha o meu passaporte, para poder regressar. Mas há coisas mais importantes e eu dei a minha palavra ao presidente do Al Hilal, não podia atraiçoá-lo», justificou.

O técnico assumiu também que espera contar com Andre Carrillo, mas que o negócio ainda não está fechado.