Se por estas horas há um herói no Uruguai, chama-se com toda a certeza Luis Suárez. O jovem avançado de 23 anos não pára de fazer história neste Mundial: primeiro, ao assinar o bis que valeu a passagem histórica aos quartos-de-final, 40 anos depois; de seguida, ao defender com as mãos, sobre a linha de golo e no último lance do prolongamento, o remate certeiro que daria ao Gana a qualificação para as «meias». Gyan falhou o penalty e no desempate por grandes penalidades foram os sul-americanos a garantir a vaga na próxima fase.

Mesmo castigado para o encontro com a Holanda, Suárez volta a estar nas bocas do mundo. O próprio já apregoa que a expulsão «valeu a pena» e que foi «a mais importante» da sua carreira. E não se esquece de agradecer a «ajuda divina».

«Fiz a melhor defesa do torneio. Às vezes, nos treinos, jogo como guarda-redes e por isso valeu a pena. Naquele momento não havia outra hipótese, por sorte o de lá de cima ajudou-nos e, agora, a mão de Deus é minha», afirmou o avançado do Ajax, aludindo à expressão utilizada por Diego Maradona sobre o seu golo com a mão do Mundial de 1986.

Após a sua expulsão seguiram-se momentos de angústia e felicidade. «Quando me estava a ir embora, a olhar para o ecrã gigante, pedi a Deus que falhassem [o penalty], que acontecesse um milagre... e aconteceu», contou Suárez com ar incrédulo.

No balneário, a festa foi «impressionante». «Ninguém dava um peso por nós, mas com coragem e com valor seguimos em frente», recordou o uruguaio, que em cinco jogos marcou três golos na África do Sul.