Asumah Abubakar-Ankra é um nome praticamente desconhecido para a grande maioria. A história do jovem português de origem ganesa começou há um ano e ainda não conheceu um capítulo final.

Recorde-se que em 2016, Asumah integrou as escolhas de Emílio Peixe para o Campeonato da Europa de sub-19. No decorrer da competição na Alemanha, o extremo foi afastado do restante grupo já depois de ter participado em dois jogos.

O seu afastamento esteve relacionado com um possível incumprimento dos pressupostos da FIFA para a participação numa competição internacional. Curiosamente, Portugal não voltou a vencer nesse torneio.

«Quando estávamos na Alemanha, disseram-me que tinha que sair da seleção mas no futuro poderia voltar à equipa. O treinador queria que eu continuasse mas a FPF teve medo de ser punida. Fui excluído. Sinto-me triste», conta ao Maisfutebol.

A Seleção Nacional acabou por não ser penalizada durante a competição, mas Asumah nunca mais foi chamado às seleções jovens. 

«Apenas o treinador falou comigo, mais ninguém da Federação falou. O mister queria que estivesse lá. Isto mata-me, porque Portugal é o meu país. Mas eu sou forte e estas coisas fazem parte da vida. Só gostaria era de conseguir voltar a jogar por Portugal», afirmou.

O jovem de 20 anos possui passaporte português, facto confirmado pela Federação Portuguesa de Futebol em comunicado oficial, embora tenha origens ganesas. O pai de Asumah reside e trabalha em Portugal há mais de 15 anos, tendo o jovem vivido em Ermesinde, cidade da Área Metropolitana do Porto antes de se mudar para a Holanda.

«Cheguei a Portugal com 17 anos. Tenho todos os documentos necessários: passaporte, cartão de cidadão. Está tudo em ordem», garantiu.

Com todos os requisitos legais cumpridos para ser cidadão português, o facto de o jogador não ter residido em Portugal por um período mínimo de dois anos, esteve na origem do seu afastamento por parte da Federação Portuguesa de Futebol.

«Há muitos casos iguais ao meu e em que a FIFA está a dar razão aos jogadores. Breel Embolo, Deklan Wynne, Derrick Jones, tudo jovens de origem africana que estão a jogar por outros países. Então pergunto... e eu?»

Após este incidente, o jogador nunca mais integrou nenhuma convocatória das seleções jovens portuguesas. Muito menos foi contactado pelos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol acerca da sua situação.

«Esta indefinição roubou-me a felicidade. Mas acredito na justiça da FIFA e peço para me julgarem honestamente.»

De Portugal para a Holanda

Asumah nasceu no Gana e mudou-se para Portugal com 17 anos. O jovem de 20 anos participou num torneio em Espanha e o seu talento não escapou à vista de vários olheiros, tendo o jovem português optado pelo Willem II, um clube que milita no escalão máximo do futebol holandês.

«Um olheiro descobriu-me num torneio em Espanha. No final, o Willem II queria que fosse fazer testes à Holanda. Falei com o meu pai e ele autorizou-me. Deixei a escola e preferi vir para aqui porque depois tive a possibilidade de assinar contrato com o Willem II», contou.

A 2 de Setembro de 2015, o clube holandês anunciava a contratação do extremo. Ainda assim, Asumah só esteve disponível para jogar passado cinco meses. Segundo o Willem II, o jogador não tinha passaporte europeu o que impedia a sua utilização.

Mágoa e o sonho de jogar pela Seleção Nacional é o que resta ao jovem português. Sem nunca mais ter sido sequer contactado pelos responsáveis de Portugal, ficou também de fora do Campeonato do Mundo de Sub-20, a decorrer atualmente.

Ainda assim, Asumah não se inibiu na hora de fazer uma análise à campanha protagonizada pela equipa de sub-20 de Portugal na Coreia do Sul.

«Penso que deveríamos ter ganho o jogo hoje [empate com Costa Rica]. Quando vejo os jogos começo a pensar que poderia estar lá para ajudar e fazer coisas pelo meu país», analisou.

Embora tenha começado no plantel da principal do Willem II, Asumah atuou grande parte da época pela segunda equipa do clube holandês. No futuro, o internacional de sub-19 português assume o desejo de regressar a Portugal e atuar por uma equipa lusa, embora também tenha a possibilidade de rumar ao West Bromwich Albion, clube onde fez recentemente testes em Inglaterra.

«O meu sonho no futuro é jogar em Portugal. É lá onde mora a minha família», concluiu.