Se o que está por vir for assim, certamente não será mau. Calma, a estreia de Rui Jorge à frente dos sub-21 nacionais não trouxe uma exibição com cores muito garridas, mas mostrou que os portugueses sabem ser eficazes quando é preciso. Ou quando não há volta a dar. A vitória sobre a Suécia, no Cartaxo, fundamentou-se nisso. Em (quase) cada pontapé, um golo.

O treinador pode mudar, mas, a verdade, é que uma selecção nacional, de baixo acima, tem o mesmo ADN: neste caso, o 4x3x3. Pode haver quem pense o contrário, mas é este o esquema preferido e usual. Com Rui Jorge não foi diferente. Aliás, os princípios pareciam ser os mesmos de sempre: tentar assumir o jogo e desequilibrar com os extremos. O primeiro problema foi a organização sueca, que só caiu com o 1-0.

Até lá, os escandinavos meteram-se num Volvo, que é como quem diz, eram seguros no jogo. Como? Defendiam em bloco, com linhas bem delineadas, e tentavam atacar pela certa, aproveitando erros lusos. Foi assim que Guidetti apareceu na pequena área a encostar para o golo. Anthony Lopes voou de Lyon ao Cartaxo e fez uma tremenda defesa.

Portugal lá tentava responder, mas não tinha grande espaço para fazer mossa. Por isso, precisou de arranjá-lo. Tentou ludibriar pelo flanco, abusou do passe longo para os extremos, até que João Silva mandou uma bomba para o fundo da baliza. O 1-0 não foi apenas isso, foi também a mudança no cariz do encontro, porque os suecos sentiram o golo. Tanto que deram um brinde a seguir, para o 2-0. Portugal estava com vantagem demasiado ampla para o que tinha feito.

Um do Manchester City e outro do United

O segundo tempo trouxe quase outra equipa lusa. Literalmente, porque Rui Jorge fez nove substituições. Ficaram os centrais que, mais uma vez deixaram Guidetti esgueirar-se para ficar cara a cara com um guarda-redes. Nesse momento, foi Cristiano Figueiredo que defendeu com o pé e evitou o 3-1. Sim, 3-1, porque antes disso, no primeiro remate da segunda metade, Portugal tinha feito o terceiro, de livre directo. Estranha eficácia lusa, mas bem-vinda, claro.

O jogo não acabaria sem o golo sueco. Era justo, diga-se, sobretudo para três visitantes: o 6, Jiloan Hamad, o 10, Rasmus Jonsson e o 11, Guidetti, que apesar dos dois falhanços deu trabalho à defesa nacional e mostrou muitas qualidades, físicas e técnicas (deve ser por isso que tem contrato com o Manchester City).

O povo do Cartaxo ainda viu Bebé, o menino com história incrível, que quase num piscar de olhos passou da Casa do Gaiato para o Manchester United. Mas que no Municipal não mostrou nem mais, nem menos que os companheiros. Assim, em conjunto, ofereceram uma estreia vitoriosa a Rui Jorge, mas também provaram que ainda há trabalho a fazer, para se garantir um lugar no Europeu de Israel, em 2013. Para já, ganhar é uma boa ideia para se ter de princípio e consolidar sorrisos entre o grupo, porque esses também são precisos numa equipa.

FICHA DE JOGO

Estádio: Municipal do Cartaxo

Árbitro: Hugo Miguel, de Lisboa

PORTUGAL: Anthony Lopes; Dani, João Faria, João Pereira e Rúben; André Almeida, Diogo Amado e Ricardo Martins; Wilson Eduardo, João Silva e Josué.

Jogaram ainda: Cristiano Figueiredo, Hugo Costa, Ivo Pinto, Dinis, Fredy, Bebé, Rui Fonte, Edu e André Martins

SUÉCIA: Oscar Jansson, Johan Larsson, Pontus Jansson, Tim Björkström, Jonathan Asp, Jacob Johansson, Oscar Hiljemark, Jiloan Hamad, Rasmus Jönsson, Niklas Hulth e John Guidetti.

Jogaram ainda: Ole Soderberg, Mattias Johansson, Anton Lans, Philip Helquist, Marcus Tornstrand, Oscar Lewicki, Vikto Lundberg e Samuel Armenteros.

Ao intervalo: 2-0

Marcadores: 1-0, João Silva (37m); 2-0, Wilson Eduardo (40m); 3-0, André Martins (49m); 3-1, Johan Larsson, (70m)

Disciplina: nada a apontar.