Inglaterra, Itália e Suécia. Portugal conheceu os adversários para a fase final do Europeu de sub-21. Evitou a anfitriã Rep. Checa, evitou rivais como a Alemanha ou a Sérvia. Em junho de 2015 veremos se isso foi bom ou mau para aquele que Rui Jorge assumiu como objetivo principal: a qualificação para os Jogos Olímpicos. Como disse o selecionador quando garantiu o apuramento, não faz sentido apontar mais alto nem assumir Portugal como favorito. Apesar da fantástica campanha da seleção na caminhada para o Europeu.

Portugal foi a única equipa que fez o pleno na qualificação: 10 jogos, 10 vitórias. Mas é das equipas com menos estatuto a este nível, entre os oito finalistas. É o país que estava há mais tempo afastado de uma fase final: a última foi em 2007. É dos que tem menos presenças em absoluto, à frente apenas da Rep. Checa e Dinamarca. Nunca foi campeão, o melhor lugar que conseguiu foi a presença na final em 1994, numa equipa que tinha Figo, Rui Costa e companhia.

E, se Rui Jorge conta com uma geração de qualidade, que inclui alguns jogadores a jogar já ao mais alto nível, o facto é que a esta seleção falta experiência ao mais alto nível, experiência nomeadamente de primeira Liga. Como revelou um estudo recente de Alexandre Silva, adjunto de Rui Jorge, e como atestam dados recolhidos pelo Maisfutebol, que colocam os jogadores portugueses entre aqueles com menos utilização no principal escalão entre os finalistas.

Curiosamente, as duas seleções que dão menos tempo de I Liga aos seus jogadores estão no grupo de Portugal. São Inglaterra e Itália. Mas são seleções, em contrapartida, incomparavelmente mais experientes no que diz respeito a presenças em fases finais do Europeu sub-21.

Tudo isto não quer dizer, claro, que Portugal não tenha ambições na prova. Até porque este é, à partida, um Europeu mais aberto do que seria de esperar, depois das eliminações-surpresa da bicampeã Espanha e também da França no play-off. Além da Holanda, que Portugal deixou pelo caminho em estilo.

Portugal aponta portanto, como já disse Rui Jorge, a um lugar nos Jogos Olímpicos. Que está reservado aos quatro semi-finalistas. Ou, no caso de um deles ser a Inglaterra, que não compete isolada nos Jogos Olímpicos, será decidido num play-off entre os dois terceiros. Portugal já jogou esse confronto em 2007, na sua última presença na fase final, tendo sido afastado pela Itália nas grandes penalidades.

O primeiro adversário de Portugal será a Inglaterra, que era cabeça de série número 1 no sorteio. Um ranking assente no impressionante registo inglês em sub-21, com a presença nas últimas quatro fases finais. Vai para a quinta, melhor do que qualquer outra das oito seleções presentes no Euro 2015.

A Inglaterra de Gareth Southate venceu nove e empatou um jogo na qualificação, é a segunda equipa que mais golos marcou (31, atrás dos 37 da Dinamarca), e a que menos golos sofreu, apenas dois.

Tem em Sahid Berahino o melhor marcador de todo o apuramento, com 10 golos. O avançado, natural do Burundi e cuja história o Maisfutebol contou muito recentemente, acaba de ser aliás convocado para a seleção principal. O médio do Southampton James Ward-Prowse, atualmente lesionado, e o extremo Nathan Redmond, do Birmingham, são outras das figuras da equipa. Que tem ainda, claro, o ex-sportinguista Eric Dier.

Berahino não estará portanto em campo na próxima quinta-feira, quando Portugal e Inglaterra se defrontarem num particular em Turf Moor, casa do Burnley. O jogo já estava marcado, agora ganha outra dimensão. Rui Jorge desvalorizou-o, dizendo que este encontro não terá nada a ver com o da fase final do Europeu.

Gareth Southgate, o selecionador inglês, diz que vai ser bom. «Jogamos com Portugal para a semana, portanto já fizemos trabalho de casa sobre eles e já sabemos como somos bons», disse o antigo defesa inglês, que esteve em Praga a assistir ao sorteio.

Southgate também deu o tom para as dificuldades do grupo, falando dos restantes adversários: «A Itália foi finalista na última edição e a Suécia eliminou a França no play-off, portanto não temos ilusões.»

A Itália, segundo adversário de Portugal no Euro 2015, tem, para começar, um palmarés impressionante. Foi cinco vezes campeã da Europa na categoria, além de ter jogado a final de 2013 à Espanha, que venceu por 4-2. Um dos cinco títulos «azzurri» foi ganho precisamente frente a Portugal, em 1994, na tal única presença lusa na fase final. E, apesar de ter sentido dificuldades na qualificação, num grupo difícil com a Sérvia e a Bélgica, é sempre um rival a temer.

Andrea Belotti, do Palermo, foi o melhor marcador da Itália no apuramento, com seis golos. Domenico Berardi, do Sassuolo, e Federico Bernardeschi, jovem a crescer na Fiorentina, são outras referências do ataque nerazzurro. O guarda-redes Francesco Bardi, do Chievo

Quanto à Suécia, não precisa de melhor cartão de visita que o play-off frente à França. Depois de perder por 2-0 a primeira mão, deu a volta na segunda, ganhando por 4-1. Aquele jogo em que o francês Layvin Kurzawa decidiu provocar os rivais achando que a coisa estava no papo, apenas para a provocação fazer ricochete pouco depois.



 


O avançado John Guidetti, no Celtic por empréstimo do Manchester City, é uma das referências desta seleção sueca, também o melhor marcador da qualificação, a par de Kiese Tellin, avançado do Malmoe.

Inglaterra

Treinador: Gareth Southgate
Qualificação: 1ª no grupo, 9 vitórias, 1 empate; 31 golos marcados, 2 sofridos
Play-off: eliminou a Croácia (2-1 e 2-1)

Registo em fases finais

2013, fase de grupos
2011, fase de grupos
2009, vice-campeão
2007, meias-finais
2002, fase de grupos
2000, fase de grupos
1988, meias-finais
1986, meias-finais
1984, campeão
1982, campeão
1980, meias-finais
1978, meias-finais

Itália

Treinador: Luigi di Biagio
Qualificação: 1ª no grupo, com 6 vitórias e 2 derrotas; 19 golos marcados, 7 sofridos
Play-off: eliminou a Eslováquia (1-1 e 3-1)


Registo em fases finais:

2013, vice-campeão
2009, meias-finais
2007, fase de grupos
2006, fase de grupos
2004, campeão
2002, meias-finais
2000, campeão
1996, campeão
1994, campeão
1992, campeão
1990, meias-finais
1988, quartos de final
1986, vice-campeão
1984, meias-finais
1982, quartos de final
1980, quartos de final
1978, quartos de final

Suécia

Treinador: Hakan Ericson
Qualificação: 1ª no grupo, com 5 vitórias, 1 empate e 2 derrotas; 20 golos marcados, 14 sofridos
Play-off: eliminou a França (0-2 e 4-1)

Registo em fases finais:

2009, meias-finais
2004, meias-finais
1998, quartos de final
1992, vice-campeões
1990, meias-finais
1986, quartos de final

Portugal

Treinador: Rui Jorge
Qualificação: 1º no grupo, 8 vitórias; 22 golos marcados e seis sofridos
Play-off: eliminou a Holanda (2-0 e 5-4)

Registo em fases finais:

2007, fase de grupos
2006, fase de grupos
2004, meias-finais
2002, fase de grupos
1996, quartos de final
1994, vice-campeões

Calendário do Euro 2015

Grupo A: Rep. Checa, Alemanha, Dinamarca e Sérvia
Grupo B: Inglaterra, Itália, Portugal e Suécia

1ª jornada (17 e 18 de junho)

Rep. Checa-Dinamarca
Alemanha-Sérvia
Inglaterra-Portugal
Itália-Suécia

2ª jornada (20 e 21 junho)

Sérvia-Rep. Checa
Alemanha-Dinamarca
Suécia-Inglaterra
Itália-Portugal

3ª jornada (23 e 24 junho)

Rep. Checa-Alemanha
Dinamarca-Sérvia
Inglaterra-Itália
Portugal-Suécia

Meias-finais: 27 de junho

Final: 30 de junho