Quando a maioria dos campeonatos europeus ainda fecha o primeiro terço da temporada, na Suécia será conhecido o campeão este domingo. E há um português bem colocado para conquistar o título: Yago Fernandez.

O defesa de 22 anos, internacional pelas camadas jovens, que fez formação no Benfica e no Sporting e, na temporada passada, representou o Gil Vicente, nunca jogou no principal escalão português e pode levantar o título pelo Malmoe. A equipa depende apenas de si, apesar da igualdade pontual com o Helsingborg.

O Maisfutebol foi medir o pulso ao gigante luso (mede 1,95m) na véspera do jogo com o Mjallby, que lhe pode dar o primeiro título do ainda curto trajecto. «É sem dúvida o momento mais alto da minha carreira. Trabalhamos bem esta semana. Nervosismo? Nada disso. Pode ser que apareça amanhã, mas para já só há vontade de vencer», começou por dizer Yago.

Yago sempre foi aventureiro. Só assim se pode caracterizar um jogador que completou a formação no Real Madrid e passou pelas equipas secundárias de Valência e Espanhol. Na Escandinávia, a adaptação, garante, foi rápida. «Em duas semanas já parecia que estava em casa. Os companheiros foram simpáticos e o pessoal do clube é muito amável. Estou muito contente por ter arriscado vir para cá. É verdade que em Portugal sabe-se pouco do campeonato sueco, mas surpreendeu-me o nível que cá encontrei», revelou.

«Felizmente o atirador não tem jeito para a coisa...»

O momento de forma do português é digno de registo. Em oito jogos pelo Malmoe, apontou três golos. Só no último jogo, com o Hacken, foram dois. «Nunca me tinha acontecido fazer dois golos num jogo. Isso é uma coisa que só fazia quando brincava em miúdo», atirou, entre risos.

A boa disposição de Yago contagia. Aliás, é assinalável, quando o momento na Suécia não é o melhor para os emigrantes. Nos últimos tempos, um desconhecido tem disparado contra pessoas de aparência estrangeira nas ruas de Malmoe. O facto levou a polícia a pedir cuidado às pessoas. Yago garante não ter mudado de hábitos.

«Felizmente ele não tem muito jeito para a coisa...Anda com pouca pontaria e não tem matado ninguém. O nosso treinador pediu-nos para termos cuidado e tenho tido, mas não tive que mudar nada. Estou muito tranquilo e é muito calma a cidade», explica Yago, embora, na verdade, já tenha falecido uma pessoa vitima dos ataques do «sniper».

O Malmoe, de facto, é um entreposto de culturas. Portugueses, brasileiros, sérvios, kosovares, holandeses, camaroneses...Há de tudo na equipa que lidera a Liga sueca. «De facto não somos uma equipa cheia de jogadores loiros e de olhos azuis. Mas os ataques têm sido destinados mais aos islâmicos. Convém ter cuidado mas não é preciso exagerar», resumiu.

Veja os dois golos de Yago no triunfo sobre o Hacken (a partir de 1m40)