Os Seattle Seahawks já são favoritos nas casas de apostas à vitória na Super Bowl 2015. Tal foi a manifestação de força da equipa que fez valer em Nova Iorque o estatuto de melhor defesa da NFL e cilindrou os Denver Broncos, que chegavam ali como donos do melhor ataque do campeonato. Os Hawks já ganhavam 22-0 ao intervalo e acabaram a vencer por 43-8.

A Super Bowl 2014 foi a mais desequilibrada em vinte anos de decisões do título da NFL. Bom para os adeptos de Seattle, que festejaram o primeiro título da sua história com uma vitória por números que ninguém imaginaria, claro.  Muito pior para os Broncos. Mas as audiências não se ressentiram, garante a Fox, que este ano teve os direitos de transmissão e anunciou em comunicado ter batido o recorde de espectadores para um programa nos Estados Unidos: 111,5 milhões, acima dos 111.3 que assistiram ao Super Bowl em 2012, a anterior melhor marca. As últimas cinco edições da decisão do título de futebol americano foram os programas de televisão mais vistos da história norte-america, o que diz tudo sobre a dimensão do espetáculo de domingo à noite.

A Super Bowl 2014 foi também um duro golpe na aura de Peyton Manning, o quarterback que em pouco mais de 24 horas passou de recordista de troféus MVP da época – ganhou o quinto no sábado – a duplo perdedor de finais. Depois de ter vencido o troféu em 2006 com os Indianapolis Colts, perdeu em 2009 e agora voltou a ficar do lado errado da história.

A imagem de Peyton Manning a levar a mal quando lhe perguntaram se o resultado não era embaraçoso é um dos momentos fortes desta noite de Super Bowl. «Não é embaraçoso, de todo. Nunca usaria essa palavra. A palavra embaraçoso é insultuosa.»



Há várias imagens da noite de Super Bowl, que há muito se transformou num espectáculo bem para lá do que se passa em campo. Mais ainda desta vez. Com o jogo decidido cedo, as atenções dispersaram-se, mais rapidamente do que de costume, para o resto. Os anúncios, o espectáculo ao intervalo, Bruno Mars e os Red Hot Chili Peppesr, o tweet de Hillary Clinton e as piadas sobre os broncos e Peyton Manning dominaram as conversas nas redes sociais, cada vez mais um barómetro para estes grandes eventos.

Os anúncios. São os minutos de televisão mais caros do planeta e tornaram-se um acontecimento dentro do acontecimento. Comentados, criticados, partilhados, têm sucesso garantido, para o bem e para o mal. Uns mais que outros. Este ano, com o jogo a perder interesse tão cedo, quem tinha anúncios marcados, por exemplo, para o terceiro quarto, não terá achado grande graça. 

No dia seguinte ao Super Bowl a esmagadora maioria dos jornais e sites norte-americanos publicam listas dos melhores anúncios da noite, fazem votações e longas dissertações sobre o tema. O site da NFL também os tem logo na primeira página. Os anúncios dão que falar quase tanto como o jogo. Houve de tudo, super produções com estrelas de cinema, humor e ternura.

E houve por exemplo Bob Dylan, o ícone de contra-corrente nos Estados Unidos, a fazer publicidade a uma marca automóvel. Tinha uma mensagem política, vá, a defender a indústria norte-americana por oposição à exploração de trabalho asiática, mas não deixa de ser Bob Dylan a fazer publicidade a uma marca automóvel.



E depois houve o toque político. Dado por Hillary Clinton no Twitter, uma piada democrata à Fox, que foi retuitada 50 mil vezes.




E houve embaraços a sério, para a organização. A conferência de imprensa de Malcolm Smith, eleito MVP da final, foi interrompida em direto por um manifestante que gritou algo como «o 11 de setembro foi perpetrado pelo nosso governo».



Para espanto do jogador e de toda a gente. O homem tem 30 anos, chama-se Matthew Mills e furou toda a operação de segurança do Super Bowl da forma mais simples possível. «Fui dizendo que estava atrasado para trabalhar e que tinha de entrar. Foi tão simples como isso», contou Mills ao Jersey News: «Nunca pensei que chegasse tão longe.»