Não sei se o leitor se recorda, provavelmente recorda, mas há coisa de três anos havia um novo conceito que crescia em Portugal: chamavam-lhe a belenensização do Sporting.
 
Basicamente o que se queria era escrever a certidão de óbito de um grande.
 
Um grande que não ganhava, que afastava os adeptos do clube, que não conseguia lutar por títulos e que não via uma luz ao fundo do túnel. Um grande, portanto, que o era cada vez menos.
 
Isso foi há três anos, porém. Hoje falar desse conceito é ridículo e extravagante.
 
A verdade é que o Sporting em três meses fez um caminho que lhe permitiu tornar esse conceito numa piada de mau gosto. Um caminho em três atos: primeiro ganhou a Taça de Portugal, depois roubou o treinador bicampeão ao maior rival e por fim ganhou a Supertaça precisamente a esse mesmo rival, numa demonstração clara de superioridade.

Confira a ficha do jogo e as notas dos jogadores
 
Depois deste jogo, depois desta vitória e desta exibição autoritária, recordar o conceito é um absurdo e esse é o maior elogio que se pode fazer a este Sporting.
 
Mas há mais.
 
Pode por exemplo elogiar-se o facto de ter garantido um triunfo porque teve cérebro. Parece que é uma piada ao discurso de Jorge Jesus, e é: mas não só.
 
É também a mais pura das verdades. O Sporting teve fio de jogo, teve uma filosofia, teve uma ideia. Trabalhava a bola com cuidado, não se descompensava defensivamente e não cometia erros tão grosseiros como, por exemplo, aquela saída a jogar de Jardel em que queria fintar toda a gente: perdeu a bola e desposicionou a equipa.

Carrillo a inventar futebol: os destaques do Sporting
 
O Benfica cometeu muitos erros, aliás, a começar por um erro estrutural: Talisca. O brasileiro voltou a jogar no apoio a Jonas e não se viu o tempo todo. Mas pior do que isso foi que obrigou Jonas a desgastar-se na luta entre os centrais, sozinho na frente de ataque.
 
É verdade que Jonas ainda mexeu no jogo uma vez e outra, porque é um jogador de enorme qualidade, mas não ofereceu ao jogo um quarto do que podia fazer.


 
Precisa de jogar solto, atrás dos avançados, a fugir às marcações.
 
Esse foi um dos problemas, mas não foi único, de uma equipa que só conseguiu atacar em lançamentos longos, à procura do espaço nas costas da defesa leonina, e que só conseguiu criar perigo pela direita, encontrando a esquerda da defesa leonina.
 
O que tem uma explicação: Bryan Ruiz procura muito o centro do relvado, descompensa a ala e deixou algumas vezes Jefferson sozinho perante dois adversários.

Lisandro não comprometeu: os destaques do Benfica
 
Esse pormenor foi corrigido na segunda parte, mas até lá serviu para o Benfica criar as melhores oportunidades de perigo. Não todas, mas algumas: até porque a melhor seria numa grande penalidade de Carrillo sobre Gaitán não assinalada.
 
Mas essa é outra conversa, até porque Téo Gutierrez também teve um golo mal anulado.
 
Em erros de arbitragem, o jogo ficou igualado. No resto não, porque Téo Gutierrez aproveitou um remate de Carrillo para fazer o único golo do jogo aos trambolhões.
 
Um golo esquisito mas que coloca justiça no critério leonino, que trocava bem a bola, à procura da melhor oportunidade para lançar o ataque, fosse por Slimani, fosse por Téo Gutierrez, e criar ocasiões de perigo. Criou uma série delas, até que marcou.
 
Ganhou, ganhou bem e anunciou que está de volta: grande como sempre foi.
 
Quanto não vale ter um cérebro.