Foi tépido o arranque da Taça das Confederações. A primeira amostra de uma prova que não é consensual também não ajuda muito a que os céticos ganhem confiança em quinze dias de bom futebol, para tirar a barriga das misérias próprias do verão, entre os que necessitam de futebol como de pão para a boca.

A Rússia ganhou à Nova Zelândia como seria de prever. O facto de o jogo ter sido pobre, também não surpreende por aí além. Assim, o arranque foi o que se esperava. Mesmo na Rússia, não foi gélido, mas o calor do futebol também não abundou no relvado de São Petersburgo.

O 2-0 final é certo, embora não fosse escândalo nenhum que a margem fosse mais alargada, tal a diferença entre as duas equipas. A Rússia teve todas as oportunidades e uma mão não chega para contar as flagrantes, os neozelandeses só lá chegaram com o resultado feito e o rival em descompressão.

Num jogo que teve a curiosidade de colocar frente a frente duas equipas com um esquema de três centrais, as semelhanças ficaram só pelo papel. É que, mesmo taticamente, Rússia, que vai de seguida enfrentar Portugal, e Nova Zelândia têm pouco de comum. Os laterais russos, Samedov e o experiente Zhirkov, juntam-se ao meio campo, enquanto do outro lado há um muro de cinco defesas, que acabou por não ser tão robusto como necessário. Os erros defensivos ajudaram a desbloquear o resultado.

Aos dez minutos, já havia três ocasiões para a formação da casa. Marinovic, o melhor em campo, evitou o golo de Golovin, o poste fez o mesmo a Vasin e Tony Smith, em cima da linha, não deixou Poloz festejar. Era uma espécie de massacre sem reação, mas só à meia hora veio o golo. Glushakov, o médio mais recuado, foi por ali fora, picou sobre o guarda-redes e viu a atrapalhação do rival fazer o resto. A bola bateu no poste, em Boxall e entrou na baliza. A FIFA considerou autogolo.

Aliás, Boxall foi figura em destaque pela negativa, já que também está ligado ao segundo golo russo. A vinte minutos do fim, Smolov iniciou e finalizou a jogada que fechou o ativo, mas o lance fica marcado por um erro incrível do central da Nova Zelândia que falhou o corte após centro rasteiro de Samedov.

E só aí a Nova Zelândia acordou, criando duas oportunidades em dois minutos, que serviram apenas para que esta crónica não terminasse sem um único elogio ao representante da Oceânia na prova. Akinfeev voou para travar o remate de Ryan Thomas e Zhirkov, na sequência do canto, não deixou Smith marcar o golo de honra da Nova Zelândia.

O que seria injusto. A diferença entre os dois emblemas, no jogo, foi bem maior do que a margem mínima.

O arranque festivo é ainda mais saboroso para a Rússia que «mata um borrego»: desde o Euro 2012 que não ganhava um jogo numa fase final de uma grande competição.