«Livre de Letra» é o espaço de opinião de Rui Loura, editor-geral do Maisfutebol.

A Taça da Liga foi criada para os clubes (e a Liga) terem mais jogos e mais fontes de receita.

O Estoril Praia preenche todos os requisitos: entrou na primeira fase, passou duas eliminatórias, chegou à fase de grupos, levou a melhor sobre o ‘cabeça de série’ que o sorteio lhe reservou e conquistou, frente a outro 'grande', o direito a disputar o troféu.

Já o Sporting de Braga simboliza aquilo que pretendemos (ou dizemos pretender) para o futebol: a capacidade de crescer, de reduzir distâncias, de mostrar que a organização, o trabalho, a perseverança e a qualidade compensam.

Mas, se calhar, esta não era bem a final desejada…

Por razões puramente comerciais, claro.

Se a competição foi criada com o objetivo acima mencionado, o formato foi pensado – e atualizado – para facilitar uma final entre ‘grandes’. Para ter um ‘campeão de inverno’.

Por alguma razão os direitos televisivos da ‘Final Four’ (em canal aberto) só são adquiridos em janeiro, quando já são conhecidos os semifinalistas.

Só que, por vezes, há equipas que se atrevem a furar os planos…

Mas, não devia ser essa a essência do futebol?

Ousar desafiar as probabilidades, bater o pé aos ‘grandes’, ter a capacidade de se agigantar?

Não é isso que desejamos que as equipas portuguesas façam na Europa?

Então, porque se debate tanto de quem é a ‘culpa’ por Sporting e Benfica terem falhado o acesso à final? Já agora, não será essa ‘culpa’ do Sporting de Braga e do Estoril?

Quem cresce adepto de clube pequeno habitua-se a este cenário. Uma vitória mais surpreendente não é devidamente valorizada. Só se vê o demérito do surpreendido.

E sim, há quem seja adepto do clube ‘da terra’ e não sofra por nenhum dos três grandes (a quem chamam ‘eucaliptos’). E essa gente – e esses clubes – merecem todo o respeito.

Ou, no limite, queremos um campeonato só com os ‘grandes’ jogado a umas 12 voltas?

Por razões comerciais, claro…

Como recorda o artigo da Berta Rodrigues aqui no Maisfutebol, Sporting de Braga e Estoril já disputaram uma final, que os minhotos venceram, em 1977.

Era uma competição nova, a Taça FPF, cheia de boas intenções, certamente, e com um bom patrocinador.

Foi a única edição. Nasceu e morreu ali. Não pegou. Por razões comerciais, eventualmente…

A última coisa que esta final da Taça da Liga merece é ser desprezada por não ter os protagonistas aguardados.

O que o Sporting de Braga e o Estoril Praia merecem é que a festa seja feita - desde logo pelos seus adeptos – conforme previsto. Que se celebre a capacidade que tiveram de aqui chegar.

Que se aplauda o trabalho de Artur Jorge, de Vasco Seabra e dos seus jogadores.

E que a cobertura esteja ao nível do exigido.

No Maisfutebol assim faremos.