FC Porto e Sporting discutem nesta quarta-feira quem estará sábado na decisão da Taça da Liga, o primeiro título da época e o troféu nacional que falta no palmarés de ambos, frente ao V. Setúbal, o primeiro vencedor da competição. É o segundo clássico de uma temporada que terá nada menos que cinco confrontos entre os dois rivais, sendo este o único em campo neutro. Uma barrigada à vista, mas que não é inédita nos últimos anos. Quem se lembra da viragem do século? Nada menos que sete clássicos entre FC Porto e Sporting relativos à época 1999/00 e que se arrastaram por... ano e meio.

E nem havia ainda Taça da Liga. Mas em contrapartida havia Supertaça a duas mãos que foram três, porque deu direito a uma finalíssima e passou de uma época para a outra. Aliás, se olharmos para os jogos numa lógica cronológica, foram ao todo dez nesse período, entre finais de outubro de 1999 e maio de 2001. Precisamente por causa dos dois jogos da Supertaça que entrararam pela temporada 2000/01, a qual teve por sua vez três Clássicos, os dois de Liga mais um de Taça de Portugal.

Aquela temporada de 1999/00 teve também uma final de Taça de Portugal entre Sporting e FC Porto que foram duas, porque foi preciso recorrer a finalíssima. Além, claro, dos duelos de Liga, à cabeça o clássico que lançou os leões para o título de campeões nacionais de 1999/00, o primeiro em 18 anos.

Nessa temporada leões e dragões lutaram entre si por todos os troféus nacionais, cenário que também está sobre a mesa esta época, com o Benfica já fora das duas taças. A série começa precisamente com os dois jogos de campeonato. Os dragões venceram na primeira volta por 3-0 e quando chegou à partida da segunda volta, para a 26ª jornada, levavam dois pontos de avanço. Mas a vitória por 2-0 nesse 18 de março de 2000, primeiro com golo de André Cruz, reforço de inverno que foi crucial na campanha dos «leões», e depois com Beto Acosta a confirmar a vitória, atirou o Sporting para o topo, de onde não voltou a sair até ao final do campeonato. Acosta já recordou aquele que foi o jogo do título para os «leões» no Maisfutebol, leia aqui.

Não ficaria por aí, havia novo duelo entre ambos marcado para a final da Taça de Portugal. A decisão foi a 21 de maio de 2000 no Jamor, mas precisou de repetição. Jardel, ainda no FC Porto, abriu o marcador aos 4 minutos e Pedro Barbosa empatou aos 54m, 1-1 . A finalíssima jogou-se quatro dias mais tarde e o FC Porto levou a melhor, por 2-0, golos de Clayton e Deco na segunda parte.

O leão campeão, um troféu de consolação para o FC Porto e em agosto chegou a Supertaça. Que durou até maio do ano seguinte. Era a última edição a duas mãos, mas foram três. Na primeira, em agosto, deu empate, de novo a um golo. Alenichev, a um minuto do fim, anulou a vantagem que Beto Acosta tinha dado ao Sporting aos 60 minutos.

O calendário atirou a segunda mão para janeiro de 2001, já largamente com a temporada seguinte a decorrer. E também não resolveu. Agora sem golos, um nulo em Alvalade que obrigaria a um terceiro jogo de desempate. Foi no final da temporada em que o campeão seria o Boavista que se encontrou lugar para encaixar essa finalíssima. Jogou-se em Coimbra, sem transmissão televisiva, porque nenhuma estação comprou os direitos. E decidiu-a de novo Beto Acosta, de penálti, à passagem da meia hora. 

Equilíbrio como ponto comum

Quanto a tendências, se as quisermos encontrar em temporadas de confrontos múltiplos entre os rivais, são de equilíbrio. Nesses sete jogos o Sporting venceu dois, o encontro em Alvalade para o campeonato e a finalíssima da Supertaça, o FC Porto outros dois, o jogo nas Antas para a Liga e a finalíssima da Taça.

Estes não foram duelos consecutivos, por causa da intromissão da Supertaça ao longo da temporada seguinte. Na verdade, antes da finalíssima de Coimbra houve mais três jogos entre os dois rivais para a época 2000/01, aquela que terminaria com o Boavista campeão. Na primeira volta da Liga o FC Porto, por essa altura líder, foi vencer a Alvalade por 1-0, um jogo decidido num golo de Pena.

Na segunda mão, um jogo intenso nas Antas acabou com um empate, 2-2, que atrasaria tanto dragões como leões na luta pelo título. Por essa altura, à 25ª jornada, ficaram ambos a seis pontos do líder Boavista.

Estávamos em março de 2001 e haveria novo clássico três dias mais tarde, esse para a meia-final da Taça de Portugal. Ganhou o FC Porto, por 2-1 e marcou lugar na final, onde venceu o Marítimo, por 1-0.

Clássicos vezes quatro e o FC Porto de comboio em 2008/09

Desde então houve mais uma época de duelos múltiplos entre leões e dragões. Foi em 2008/09, quatro encontros que incluiram o primeiro encontro de sempre entre ambos para a Taça da Liga.

Essa época também foi de equilíbrio nos confrontos entre ambos, embora no fim tenha sido o FC Porto a festejar o tetracampeonato. Na verdade, começou logo com um clássico em agosto, mas que formalmente se referia à época anterior: a Supertaça, ganha pelo Sporting por 2-0.

Para o campeonato, o FC Porto foi vencer a Alvalade por 2-1 na primeira volta. Um mês depois novo duelo, este de Taça de Portugal, com o FC Porto a levar a melhor nos penáltis depois do 1-1 no final do tempo regulamentar. E em fevereiro nova dose dupla, a primeira com a vitória do Sporting por 4-1 para a meia-final da Taça da Liga.

O FC Porto, então de Jesualdo Ferreira, não encarou o jogo como prioridade. Os dragões, que tinham jogo com o Benfica para o campeonato daí por quatro dias, apresentaram uma equipa de segunda linha que fez a viagem para Lisboa no próprio dia... de comboio. O Sporting aproveitou para arrancar uma vitória dilatada, com dois jogadores a bisarem: Romagnoli e o ex-dragão Derlei. Tark Sektioui marcou o único golo do FC Porto.

No final de fevereiro houve novo clássico, no Dragão, para a Liga. Terminou 0-0 e o FC Porto viu reduzir-se para dois pontos a distância na liderança, então para o Benfica. O Sporting de Paulo Bento ficava a quatro pontos e ainda havia de assegurar o segundo lugar na Liga no final da época.

Na temporada atual o equilíbrio é de novo o tom dominante, na luta pelo título mas também no duelo direto: o Clássico da primeira volta, em Alvalade, terminou 0-0. Este terá que ter um vencedor, nem que seja nos penáltis, e pode começar a definir uma tendência antes dos próximos,os dois da meia-final da Taça de Portugal e o FC Porto-Sporting da 25ª jornada, a 2 de março.