O FC Porto iniciou a terceira fase da Taça da Liga com uma vitória que abre boas perspetivas para a discussão num grupo com cinco equipas. Um golo feliz de Aboubakar, no início da segunda parte, deixou o Rio Ave numa posição fragilizada para defender o estatuto de finalista da última edição.
 
Uma nota dominante no gélido início de noite em Vila de Conde: o gritante contraste de confiança entre Ricardo Quaresma e Adrián López. O primeiro a assumir todos os riscos, a tudo querer fazer, com a inabalável postura altiva. O segundo em evidente crise emocional, banalizando-se enquanto jogador.

Destaques:  Quaresma alimentou meio jogo, Aboubakar desapertou o nó
 
Em Adrián há querer, não parece ser esse o problema. Falta-lhe sobretudo o crer, a confiança em si mesmo. Acreditar por exemplo que vale a pena rematar ao quinto minuto de jogo, na área sem oposição, em vez de deixar a bola embater no seu corpo, à espera da fortuna.
 
Logo depois surge nova oportunidade e o antigo homem do Atlético de Madrid, com o peso de 11 milhões de euros por 60 por cento do seu passe (avaliação a rondar os 18 milhões), não arrisca mais que um desvio subtil a cruzamento de José Ángel, para nova defesa de Ederson.
 
A qualidade está lá, como ficou evidente no bom trabalho para oportunidade falhada por Quaresma (15m), mas Adrián transmite inquietação nos momentos decisivos. Quando recupera a crença, como aconteceu no reatamento, é capaz de passar por dois adversários e rematar com violência ao poste. Foi nesse Adrián López que o FC Porto apostou.

Oportunidades, oportunidades, oportunidades
 
Estes parágrafos serviram igualmente para salientar a facilidade portista em criar oportunidades de golo neste arranque da participação na Taça da Liga.
 
Julen Lopetegui mudou quase tudo e Pedro Martins seguiu o mesmo caminho, embora o plantel do Rio Ave não tenha a mesma profundidade que o grupo alargado do FC Porto.
 
Ederson viu o perigo rondar a sua baliza com regularidade, já que a equipa azul e branca (desta vez em tons rosa) conquistava inúmeros espaços pelas laterais. Ricardo Pereira e José Ángel contribuíam para o fluxo ofensivo e o nulo ao intervalo não traduzia o que aconteceu dentro das quatro linhas.
 
Destaque para um lance ao minuto 28, com o guarda-redes do Rio Ave a travar um primeiro remate de Casemiro, o segundo de Aboubakar e finalmente um cabeceamento de Evandro.
 
Não foi, ainda assim, uma primeira parte de domínio exclusivo do FC Porto. O jogo foi aberto, sem as marcações apertadas de um embate na Liga, e o Rio Ave procurou justificar o seu estatuto de finalista vencido da última edição da prova.
 
Esmael Gonçalves surgiu no flanco esquerdo do ataque e conseguiu fugir a Andrés Fernández ao sexto minuto de jogo – má saída do espanhol da baliza, com Hélton a ver do banco de suplentes -, valendo nessa altura o acerto de Diego Reyes para sossegar Lopetegui.
 
Ainda assim, Jebor era a unidade mais ofensiva do Rio Ave e a principal dor de cabeça para o eixo defensivo visitante. A melhor oportunidade da formação vila-condense chegou à meia-hora de jogo, com o avançado a cabecear para defesa segura de Fernández. Sinal mais, de qualquer forma, para o FC Porto.

Aboubakar a abrir caminho para a saída de Quaresma
 
Ricardo Quaresma, com a braçadeira de capitão perdida no arranque da época – Diego Reyes, sinal dos tempos, foi sub-capitão -, contribuiu para esse ascendente num estilo particular, imutável, avesso a planos de jogo e a contínuos movimentos coletivos.
 
O português escreve uma história só dele, com a irreverência de um adolescente. Procurou o golo durante 65 minutos e não escondeu algum desalento quando Lopetegui entendeu que deveria ser o primeiro a sair. Afinal, tinha jogado de início frente ao V. Setúbal, ao contrário dos restantes elementos.
 
Por essa altura já o FC Porto vencia graças ao instinto de Aboubakar. Com uma hora de jogo, Quintero bateu um canto na direita, a bola desviou na primeira muralha defensiva do Rio Ave e o camaronês, em duelo com Nuno Lopes, traçou o caminho para a baliza contrária. Um ressalto, no fundo.
 
O golo surgiu com alguma felicidade mas encaixava na lógica do encontro.
 
Pedro Martins reagiu de imediato e as substituições aumentaram a competitividade da sua equipa. Ukra e Diego Lopes saíram do banco para criar a grande oportunidade do Rio Ave ao minuto 69. Cruzamento do português na direita, cabeceamento do brasileiro à trave.
 
O FC Porto baixou linhas para gerir o resultado e teve espaços para desferir o golpe final, destacando-se a propensão ofensiva de Ricardo Pereira à direita, mas o encontro caminharia para o seu fim com a diferença mínima no marcador e terminaria com os homens de Vila do Conde a ocuparem a área portista, Ederson incluído, sem resultados práticos.

Ivo Rodrigues, o jovem da equipa B, não saiu do banco azul e branco.