A Taça Davis 2015 começa nesta sexta-feira. A Suíça defende o título de campeã ganho em 2014. Portugal tem como objetivo voltar ao Grupo I da região Europa/África depois da despromoção no ano passado.

Os objetivos de cada país são bem diferentes (mesmo que os dos suíços também possam já não ser os mesmos do ano anterior), mas há pontos comuns, se os quisermos encontrar. Encontram-se nas ausências de Roger Federer na seleção suíça e na de gastão Elias na equipa nacional portuguesa: ambas por opção de cada um dos tenistas.

Foi há cerca de duas semanas que Federer anunciou que desistia de representar a seleção Suíça. «Não foi uma decisão difícil. Jogo há tanto tempo e tendo ganho [a Taça Davis] posso finalmente fazer como quero, para ser honesto», confessou o suíço no mês passado quando jogava o torneio do Dubai (que acabou por vencer).

A Suíça vai jogar nesta primeira ronda sem o nº2 do mundo e também sem Stan Wawrinka, mas a ausência do atual sétimo do ranking não está tida como um abandono. «Espero que o Stan jogue, na próxima ronda [em julho] ou em setembro ou quando for, para que fiquemos no Grupo Mundial», disse Federer sabendo que a seleção suíça passou a ter um grande problema: «Não sabemos se também conseguem ganhar sem estarmos lá. É uma oportunidade para isso, mas, claramente, agora não somos os favoritos contra a Bélgica.»

Os belgas continuam favoritos, mas, com a lesão de David Goffin que o deixou de fora do sorteio realizado nesta quinta-feira, os pratos da balança acabaram por não ficar tão desequilibrados. Mas, ainda assim, estão muito: entre Ruben Bemelmans e Henri Laaksonen (o menos cotado belga e o mais cotado suíço dos jogos marcados) estão mais de 200 lugares no ranking.



O confronto entre a Alemanha e a França será um dos mais interessantes desta primeira ronda do Grupo Mundial. Os gauleses estão sem Jo-Wilfried Tsonga, mas, ainda assim, à frente na linha de partida. Mas a vantagem não é muita sobre uma seleção que, à imagem de PhIlipp Kohlschreiber, pode sempre fazer um brilharete.

Outro dos embates mais interessantes jogar-se-á na Grã-Bretanha, pois a incerteza do resultado é enorme. Se Andy Murray deverá conseguir uma vantagem preciosa que Jonh Isner não conseguirá evitar, a segunda linha norte-americana é bem mais forte. E no encontro de pares, a dupla dos irmão Bryan garante à partida um ponto precioso num confronto em que é provável só haver decisão no quinto e último encontro.

Muito equilíbrio está também previsto na eliminatória entre o Canadá e o Japão. Milos Raonic e Kei Nishikori são os respetivos cabeças de cartaz como os nº6 e nº4 do mundo. E esse equilíbrio mantém-se entre os outros jogadores dos encontros de singulares. E é nos pares que o Canadá pode ter a chave da vitória.

O encontro entre duplas será também grande aposta do Brasil no sempre especial embate com a Argentina, cuja seleção é mais cotada do que a brasileira a nível individual. Os jogos entre o Cazaquistão e a Itália deixam o prognóstico difícil de fazer quanto a um vencedor. No República Checa-Austrália, a equipa europeia ganha protagonismo, assim como no Sérvia-Croácia, a seleção de Novak Djokovic ainda terá menos problemas para ultrapassar Borna Coric.

Primeira ronda do Grupo Mundial da Taça Davis:

Alemanha vs França
J. Struff-G. Simon
P. Kohlschreiber-G. Monfils
B. Becker/A. Begemann-J. Benneteau/N. Mahut
P- Kohlschreiber-G. Simon
J. Struff-G. Monfils

Grã-Bretanha vs EUA
A. Murray-D. Young
J. Ward-J. Isner
D. Inglot/J. Murray-B. Bryan/M. Bryan
A. Murray-J. Isner
J. Ward-D. Young

Rep. Checa vs Austrália
L. Rosol-T. Kokkinakis
J. Vesely-B. Tomic
J. Mertl/A. Pavlasek-S Groth/L. Hewitt
L. Rosol-B. Tomic
J. Vesely-T. Kokkinakis

Cazaquistão vs Itália
M. Kukushkin-S. Bolelli
A. Golubev-A.Seppi
A. Golubev/A. Nedovyesov-F. Fognini/P. Lorenzi
M. Kukushkin-A. Seppi
A. Golubev-S. Bolelli

Argentina vs Brasil
C. Berlocq-J. Souza
L. Mayer-T. Bellucci
F. Delbonis/D. Schwartzman-M. Melo/B. Soares
L. Mayer-J. Souza
C. Berlocq-T. Bellucci

Sérvia vs Croácia
N. Djokovic-M. Delic
V. Troicki-B. Coric
V. Troicki/N. Zimonjic-M. Draganja/F. Skugor
N. Djokovic-B. Coric
V. Troicki-M. Delic

Canadá vs Japão
M. Raonic-T. Ito
V. Pospisil-K. Nishikori
D. Nestor/V. Pospisil-G. Soeda/Y. Uchiyama
M. Raonic-K. Nishikori
V. Pospisol-T. Ito

Bélgica vs Suíça
R. Bemelmans-H. Laaksonen
S. Darcis-M. Lammer
R. Bemelmans/N. Deisen-A. Bossel/M. Lammer
S. Darcis-H. Laaksonen
R. Bemelmans-M. Lammer

Se a detentora do título corre o risco de passar logo para os play-offs de manutenção/despromoção do Grupo Mundial (com os vencedores do Grupo I), pois é o que acontecerá à Suíça se perder coma Bélgica, Portugal tem Marrocos para ultrapassar. A seleção nacional joga a primeira ronda do Grupo II contra a equipa africana e o resultado decide a passagem à segunda ronda em caso de vitória, ou a luta pela fuga ao Grupo III em caso de derrota.

Os portugueses são claros favoritos neste embate da região Europa/África pelo valor dos seus jogadores, mesmo que Gastão Elias tenha prescindido de representar a seleção nacional nesta ronda. João Sousa e Rui Machado vão jogar os encontros de singulares. O nº52 do mundo fará dupla com Frederico Ferreira Silva. O selecionador Nuno Marques conta com João Domingues com quarto jogador.

A colagem entre Gastão Elias e Roger Federer aproveita a forma – mesmo que a substância seja bastante diferente – de uma decisão de não jogar esta eliminatória (o suíço, em definitivo, até ver). E porque esta coincidência de tom entre os dois jogadores já se verificou quando o português e o antigo nº1 do mundo aproveitaram mais do que uma ocasião para treinarem juntos.

Aconteceu em Portugal, quando Federer veio ao Estoril Open (e treinou com os portugueses), mas também já tinha acontecido em Monte Carlo. Coincidentemente no tempo com o abandono de Federer, Gastão Elias também prescindiu desta eliminatória da Taça Davis.

«Há um contexto. O Gastão está na costa leste dos Estados Unidos, tinha de vir aqui jogar e depois voltar para disputar Indian Wells. Não se deve pegar logo num jogador e dizer que não é patriota. É um jogador que já esteve na Davis várias vezes e vai continuar a estar», afirmou Nuno Marques à agência Lusa.



Rui Machado falou no seu caso em particular: «Não sei se comigo pode acontecer. Nunca aconteceu, se calhar não é agora que vai acontecer. Não é aos 31 anos que vou deixar de estar disponível». «É a decisão do Gastão dar prioridade à carreira. No meu caso, sempre dei prioridade à Davis, tal como o Rui. Aceito e respeito a decisão dele, mas temos diferentes formas de ver este assunto», referiu João Sousa.

Nuno Marques lamentou que Portugal tenha descido de divisão. E, apesar de a seleção nacional jogar em casa, no Jamor, o selecionador português frisou que o favoritismo «ale o que vale». Eles são jogadores perigosos. Temos de chegar e jogar bem. Estamos neste percurso [no Grupo II], mas temos uma equipa muito forte e agora temos de o confirmar», afirmou Marques.

Portugal-Marrocos da zona Europa/Àfrica do Grupo II da Taça Davis:
Sexta-feira:
João Sousa-Yassine Idmbarek
Rui Machado-Lamine Ouahab
Sábado:
João Sousa/Frederico Silva -Lamine Ouahab/Younes Rachidi
Domingo:
João Sousa-Lamine Ouahab
Rui Machado-Yassine Idmbarek