Se em Alvalade os adeptos do Sporting estão, cada vez mais, rendidos às intervenções quase miraculosas de «São Patrício», em Aguiar da Beira, próxima paragem do Marítimo para a Taça de Portugal (este sábado, às, 15 h) as redes do campeão distrital da Associação de Futebol da Guarda são patrulhadas pelo «comandante Patrício».
Em outubro de 2011, Patrício Almeida, de 28 anos, foi designado comandante da PSP de Gouveia, mas nem isso o impediu de manter a ligação ao clube da terra, ao serviço do qual já se havia sagrado campeão distrital de juniores em 2003. Portanto, ao fim de semana, o comandante troca a farda de oficial pelo equipamento de guarda-redes da Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Aguiar da Beira, onde, na última época, voltou a sagrar-se campeão.
Poucos meses depois do início da aventura na III Divisão, quis o destino que o sorteio da Taça colocasse no sintético do Estádio Municipal de Aguiar da Beira o europeu Marítimo, num embate em que apenas a determinação em ganhar se pode equiparar.
«Acompanhei, em direto, o sorteio porque ambicionávamos defrontar uma equipa da I Liga. Correu tudo como queríamos porque vamos jogar em nossa casa, o que acaba por ser um prémio justo para o que fizemos na última época em que, com um orçamento muito reduzido conseguimos ser campeões», contou o guarda-redes ao Maisfutebol a dois dias antes do embate com os madeirenses, neste sábado.
A exigência do jogo não alterou as rotinas do comandante que leva a sério todos os jogos desde que coloca as luvas e se dirige para o seu templo: a baliza. «Temos prestado mais atenção ao Marítimo desde que conhecemos o desfecho do sorteio. Conhecemos razoavelmente bem a equipa, mas o mais importante é que continuamos a trabalhar da mesma forma e a dar o máximo em todos os jogos», confessou.
De fora na última jornada do campeonato, devido a problemas físicos, o Patrício de Aguiar da Beira prepara-se para recuperar a titularidade na receção aos madeirenses e deixa ao aviso aos comandados de Pedro Martins. «Tenho sido sempre titular, mas no último jogo não joguei para estar ao mais alto nível. Eles que tenham cuidado porque vou estar em grande forma», atirou em jeito de uma defesa cheia de estilo.
O campeão no plantel
Apesar da linha que separa as duas equipas, há, no plantel do Aguiar, quem conheça as exigências da primeira divisão. Josivan, médio ofensivo, entrou em Portugal pela porta da equipa B do FC Porto, em 1999, onde partilhou o balneário com Ricardo Costa, Tonel, Cândido Costa e Hélder Postiga.
No entanto, nunca conseguiu dar o salto para a formação principal dos dragões, então orientada por Fernando Santos, e a estreia na Liga só aconteceu na época seguinte, já com o vermelho e branco do Desportivo das Aves na camisola.
Seguiram-se mais alguns anos de futebol profissional, na Liga de Honra, ao serviço do Leça, Ovarense e Marco de Canavezes, até que Henrique Calisto fez dele campeão do Vietname, ao serviço do Long An, em 2007.
O brasileiro encara o embate com os madeirenses com alguma nostalgia, por tudo o que viveu no futebol profissional, reconhece o abismo que separa as duas equipas, mas sublinha que a Taça de Portugal é sempre propícia a surpresas.
«Vou matar saudades do futebol profissional, onde joguei durante alguns anos, mas vai ser um jogo muito complicado. Mas, como eu costumo dizer, taça é taça e nós vamos tentar passar à próxima eliminatória. Vai ser difícil para nós, mas também para o Marítimo», chutou em jeito de conclusão o brasileiro que, no currículo, tem também uma passagem pela Madeira com as cores do Pontassolense.