Quinto round (clássico) do ano, terceiro entre as duas equipas, primeiro knock-out. Na verdade, um «KOzinho» técnico, num combate que terá mais um, decisivo, assalto, a 18 de abril.

O punho fechado não permite ao FC Porto pensar que tem a final da Taça na mão. Ainda assim, 1-0 é vantagem e Sérgio Conceição até já confessou há dias que adora esse placard.

Sérgio também falou por estes dias sobre Soares. Foi ele que valeu esta noite. O brasileiro até já tinha atirado para o fundo da baliza na meia-final da Taça da Liga, mas aí não contou e a decisão sorriu ao Sporting. Agora, tentou de cabeça e o resultado foi um tiquinho diferente. Primeiro clássico a tombar para um grande nesta temporada. Podem fazer a contagem e levantar o braço do vencedor desta noite, que aplicou mais um golpe aqui e outro ali, perante um adversário, resiliente, a aguentar-se e a querer levar o combate aos limites da resistência.

TP: FC Porto-Sporting, 1-0: ficha e filme do jogo

Deixemos o boxe, para voltarmos ao futebol. Esta noite, Conceição fez entrar apenas Soares, em relação ao jogo frente ao Sp. Braga, mas surpreendeu ao deixar Aboubakar de fora dos convocados, tal como os reforços Waris e Paulinho. Jorge Jesus quis surpreender ainda mais: sem William Carvalho, também fora dos eleitos, optou por um pouco usual sistema de 3-4-3, que só havia sido testado em Camp Nou diante do todo-poderoso Barcelona.

Ora, Marega não é Messi, mas, mesmo assim, o Sporting aceitou o domínio portista durante quase toda a primeira parte.

Com os laterais bem projetados para o ataque (quem tem Ricardo e Telles pode isso e muito mais), o FC Porto deu muitas dores de cabeça pelos flancos. Foi, porém, de bola parada que o falso alarme de golo ecoou nas bancadas do Dragão: aos 28’, um livre frontal soberbo de Sérgio Oliveira embateu no poste.

Para lá disso, Brahimi (21’) e Herrera (31’) apareceram na cara de Patrício, mas não tiveram arte para finalizar, tal como Soares (7’), que cabeceou por cima. Do lado contrário, a meia distância de Bruno Fernandes (25’) e Ristovski (41’) deram os únicos rugidos de um leão demasiado dócil no primeiro tempo.

Houve Gelson, recuperado, que traz qualidade nas transições ofensivas, mas pouco mais numa equipa que tinha dificuldades em sair da pressão. Do lado contrário, havia muito Ricardo: que jogão do lateral-direito, a apresentar credenciais para estar no Mundial da Rússia.

TP: FC Porto-Sporting, 1-0: destaques dos dragões

Ainda assim, ao intervalo, o domínio portista não se traduzia numa estatística retumbante: 5-4 em remates, 3-2 em cantos, 51%-49% em posse de bola. Vantagem tangencial para os dragões nos números.

Veio melhor o Sporting para a segunda parte. Doumbia, desaparecido durante 45 minutos, surgiu a atirar rente ao poste de Casillas (48’). Aos 59’ Bruno Fernandes fez, num livre com veneno, a bola passar bem perto da baliza azul e branca. Terminado o interlúdio de reação leonina, voltaria o dragão à carga quando os ponteiros assinalavam a hora de jogo. Mais letal do que nunca.

Soares subiu aos céus e apareceu entre Piccini e Ristovski a cabecear para o 1-0, colocando um estádio em festa. Soares, esse mesmo que há sensivelmente um ano tinha uma estreia abençoada de azul e branco, resolvendo com um bis um clássico frente ao Sporting para a Liga (2-1). Soares, esse mesmo que parecia de costas voltadas com o seu treinador. Ele estava à porta, como disse Conceição, em recente conferência de imprensa. Esta noite, decidiu entrar. Quem lha abriu foi outro Sérgio; Oliveira: que cruzamento perfeito (!) a sublinhar mais uma excelente exibição – a segunda titularidade consecutiva pela primeira vez nesta época.

TP: FC Porto-Sporting, 1-0: destaques dos leões

Cinco minutos depois do golo, lá estava Soares a tentar o 2-0. Salvo por São Patrício, padroeiro de todo o Sporting, que sairia aos pés de Brahimi aos 80’ para evitar de novo o segundo portista.

Bruno Fernandes e Gelson tentavam remar contra a maré, mas a velocidade e poderio ofensivo dos pesos-pesados portistas jamais permitia aos leões baixarem a guarda. Até que em cima dos 90’ Ricardo Pereira quase estragava a exibição de luxo ao permitir que Rúben Ribeiro lhe roubasse a bola nas costas na área. Aí, valeu San Iker, no seu jogo 100 pelo FC Porto. Na verdade, o empate seria castigo demasiado pesado para a equipa que mais fez por vencer.

Num jogo difícil, como sempre são os clássicos, nota ainda para boa atuação da equipa de arbitragem liderada por João Pinheiro, que expulsou bem Acuña, por acumulação de amarelos, já no final.

Venceu com justiça o FC Porto, que leva vantagem para a segunda mão em Alvalade. Quanto ao Sporting, depois da derrota no Estoril, no domingo, voltou a perder. Desta vez, não por culpa de um «tiquinho» de vento. Só ares. Soares, aliás. Quando alguém abre uma porta, é natural que haja alguma corrente de ar.