Imperou a lei do mais forte e a Académica passou à quinta eliminatória da Taça de Portugal, mas foram precisos 120 minutos e grandes penalidades para descobrir as diferenças entre duas equipas que têm dois escalões a separá-las. O Trofense joga no Campeonato de Portugal, dois níveis abaixo da Académica da I Liga… E no entanto nada disso se notou em 90 minutos de tempo regulamentar e mais 30 de prolongamento.

Vamos por partes. E a primeira tem pouca história e ainda menos futebol. Entrou até melhor a equipa da casa, que deve ao talento do veterano Hélder Sousa a capacidade de pautar e imprimir ritmo ao jogo. O Trofense esteve por cima até meio da primeira parte, mas o domínio era sobretudo a meio-campo. As oportunidades de golo nas duas balizas só sugiram depois disso.

Primeiro por Marinho (24’), que sozinho na área desviou com a bola a rasar o poste, depois por Ivanildo (36’), num livre frontal a colocar a bola difícil para o guarda-redes dos trofenses Ricardo Russo. Duas oportunidades para a Académica, mas a resposta estava mesmo a chegar.

E logo no lance mais flagrante da primeira parte. Rui Faria cabeceou ao segundo poste, após canto, Lee defendeu e na recarga Rony Santos desviou em desequilíbrio com a baliza escancarada.

Na segunda parte, a Académica entrou melhor, disposta a impor diferenças que deveriam ser evidentes e quase marcou. Ivanildo, o mais inconformado da “Briosa” durante a uma hora em que esteve em campo, rematou cruzado com a bola a bater na base exterior do poste.

A hora de Paciência com prolongamento e penáltis 
Filipe Gouveia perdeu a paciência e resolveu arriscar. Entraram Ni Plange e Gonçalo (Paciência) para os lugares de Rui Pedro e Ivanildo. Gonçalo é de outra casta e na primeira vez que tocou na bola, na conversão de um livre frontal, quase fez golo. Aliás, o ponta-de-lança emprestado pelo FC Porto esteve perto do golo mais uma mão cheia de vezes até ao final da partida: a rematar de primeira, de cabeça, num pontapé acrobático...

Gouveia acertou ao colocar em campo Gonçalo e, mais tarde, Leandro Silva, que trouxe dinamismo ao último terço, errou porém ao não tirar Ofori, que já tinha um cartão amarelo e não demorou a ver o segundo. Académica ficou com menos um jogador em campo e o equilíbrio voltou. De tal forma que o jogo teve de ir para prolongamento.

Mais meia-hora com a Académica a viver às custas do jogo direto e da qualidade técnica de Gonçalo Paciência, que numa das muitas oportunidades que criou atirou à barra (aos 109’), após driblar o marcador direto e atirar forte de fora da área.

Não marcou aí… Não marcaria mais, nem mesmo quando o defesa-central João Leal, já a fazer de ponta-de-lança, desviou para Rony salvar em cima da linha de golo. 120 minutos não chegaram para desfazer o nulo. Houve que desempatar tudo nas grandes penalidades.

Os dados estavam lançados e aí a frieza da Académica foi decisiva para converter quatro penalidades, enquanto o Trofense falhou duas. 1-4, estava resolvida em dois instantes e com justiça, apesar de tudo, uma eliminatória que 120 minutos de futebol não haviam desembrulhado.

Valeu Paciência para resolver um jogo em que era difícil deslindar as diferenças.

Sai mais uma rodada (de Taça) para os estudantes.