João Henriques bem tinha avisado que o Oriental Dragon não era «pêra doce» e a verdade é que a equipa fundada por um empresário chinês, em 2014, esteve prestes a revelar-se uma laranja amarga. A equipa da casa chegou ao intervalo a vencer, permitiu a reviravolta dos visitantes, mas depois voltou a empatar e levou mesmo o jogo para prolongamento. A equipa de Moreira de Cónegos, reduzida a dez, teve mesmo de suar a estopinhas para seguir em frente na Taça de Portugal, graças a um golo feliz de André Luís aos 114 minutos.

O Moreirense puxou dos galões de primodivisionário e assumiu, desde logo, a iniciativa do jogo, procurando ganhar profundidade pelas alas, com Rodrigo Conceição a combinar com Walterson sobre a direita e Abdu Conté a fazer dupla com Yan Matheus no lado contrário. Rafael Silva era a referência na área, com Gonçalo Franco a jogar solto nas costas do avançado.

O Oriental Dragon, por seu lado, apresentou-se com uma linha defensiva de quatro elementos, mas reforçada ao centro com o «gigante» Marlon, a jogar a trinco, mas a recuar muitas vezes para o meio dos centrais, permitindo à equipa ir compensando à direita, onde mandava o capitão João Pinto, e à esquerda, fechada pelo chinês Xinhai Wang. A equipa da casa procurava, depois, sair a jogar pelos pés de Martim Águas, número 10, descendente da linhagem de Rui Águas e Zé Águas, com Marcelo como principal referência no ataque.

A equipa de Moreira de Cónegos até conseguia chegar com facilidade à linha de fundo, mas sentia dificuldades em ganhar bolas na área, face ao acerto defensivo do adversário. Gonçalo Franco, muito ativo na frente, até contou com duas oportunidades soberanas para abrir o marcador, ambas depois de boas assistência de Rafael Martins, mas na primeira, no coração da área, atirou por cima, e, na segunda, permitiu a defesa de Miguel Lázaro.

O Oriental Dragon sentia dificuldades em sair a jogar, mas, numa das poucas vezes que conseguiu construir, com Martim Águas, a abrir sobre a direita, conquistou o primeiro pontapé de canto e, dessa forma, surpreendeu a defesa do Moreirense. Canto marcado pelo capitão João Pinto, cabeçada de Marlon junto ao segundo poste, Miguel ainda defendeu, mas Bandeira, na recarga, não perdoou. Uma oportunidade, um golo e tínhamos «taça» a acontecer no Alfredo da Silva.

O Moreirense procurou reagir de imediato, mas Gonçalo Franco voltou a desperdiçar mais uma assistência perfeita de Rafael Martins, atirando à figura de Lázaro. Ainda antes do intervalo, o Oriental Dragon voltou a criar perigo em mais um lance de bola parada: livre de João pinto, sobre a direita, em forma de canto curto, e cabeçada de Martim Águas junto ao primeiro poste sobre a barra. O intervalo chegou logo a seguir, com a equipa da casa em vantagem.

Reviravolta e prolongamento

Um resultado inaceitável, na perspetiva de João Henriques que deve ter apertado com os seus jogadores ao intervalo. A verdade é que a equipa de Moreira de Cónegos entrou no segundo tempo com um ritmo mais elevado e, em poucos minutos virou o resultado. Logo a abrir, Yan Matheus trabalhou bem sobre a direita e cruzou atrasado para a entrada da área onde Gonçalo Franco recebeu, ajeitou e, sem oposição, atirou a contar para o empate. Desta vez Franco não desperdiçou.

A equipa de João Henriques ganhava tranquilidade, estava agora claramente por cima do jogo e o golo da reviravolta não tardou: Walterson lança Abdu Conté pela esquerda e o lateral cruza tenso. Rafael Martins meteu o pé na área, a bola subiu, mas foi à trave e entrou. João Henriques suspirava de alívio e começava a gerir a equipa. Agora era uma questão de gerir, preferencialmente com posse de bola.

Mas a equipa da casa não baixou os braços, foi à luta e voltou a nivelar o resultado a quinze minutos do final. Grande trabalho de Marcelo que desceu pela direita e cruzou atrasado para o coração da área. A defesa do Moreirense não conseguiu afastar e Filipe Gaspar, vindo de trás, atirou a contar, com um remate rasteiro, junto ao poste. O jogo estava, agora, totalmente aberto, com parada e resposta. Com os minutos a correrem céleres para o final, quem marcasse seguia em frente e, cada vez que o Oriental Dragon subia no terreno, ouvia-se um bruá das bancadas. Já em tempo de compensação, Paulinho, acabado de entrar, perdeu a cabeça e entrou em carrinho, por trás, sobre Bandeira e viu o vermelho direto.

O jogo foi mesmo para prolongamento, com o Moreirense reduzido a dez e a equipa da casa com a moral em alta. O Oriental Dragon, apesar de ser um clube jovem, fundado em 2014, nunca perdeu um jogo da Taça de Portugal no tempo regulamentar, uma vez que na última época, com o Leixões, só caiu nos penáltis. A equipa da casa esteve muito perto de decidir a eliminatória na primeira parte, com um remate de Bandeira a rasar o poste. Houve quem gritasse golo, mas foi mesmo ao lado.

A eliminatória só ficou, depois, resolvida aos 114 minutos, com alguma fortuna para os visitantes. Pires desceu pelo flanco esquerdo, cruzou tenso e a bola sobrou para André Luís que só teve de encostar. Bandeira, destacado, ainda esteve muito perto de voltar a empatar o jogo, no último lance do jogo, mas Miguel desviou com a ponta dos dedos e garantiu a qualificação da equipa de Moreira de Cónegos para a próxima eliminatória.

Ficha do jogo

Estádio Alfredo da Silva, no Barreiro

Árbitro: João Gonçalves

Assistentes: Álvaro Mesquita e Ângelo Carneiro

4.º árbitro: Miguel Silva

ORIENTAL DRAGON (4x1x4x1): Miguel Lázaro; Xinhai Wang (Abou Touré, 62m), Sandro Costa, Diogo Branco e João Pinto; Marlon Costa (Feiteira, 73m,); Filipe Gaspar, Gonçalo Silva (Carlos Batalha, 73m), Martim Águas (Rúben Fidalgo, 103m) e Bandeira; Marcelo Santos (Wurigeng, 118m).

MOREIRENSE (4x3x3): Miguel; Rodrigo Conceição (Paulinho, 57m), Rosic, Artur Jorge e Abdu Conté; Fábio Pacheco (Jambor, 57m), Franco (Filipe Soares, 81m) e Ibrahima Camará (André Luís, 81m); Yan Matheus (Pires, 66m), Rafael Martins e Walterson (Sori Mané, 90m).

Ao intervalo: 1-0

Marcadores: Bandeira (30m), Gonçalo Franco (48m), Rafael Martins (59m), Filipe Gaspar (75m) e André Luís (114m).

Disciplina: cartão amarelo a Gonçalo Silva (12m), Marlon (25m), Rodrigo Conceição (27m), Artur Jorge (70m) e Carlos Batalha (83m); cartão vermelho para Paulinho (90+2m).

Resultado final: 2-3 (após prolongamento)