A FIGURA

Luisão: Três cortes providenciais numa fase em que o Benfica correu sérios riscos de perder em definitivo o controlo da eliminatória. Ainda antes do golo de Jackson, adiou a desvantagem benfiquista tirando o pão de boca de Herrera, em zona de tiro. Já depois do 1-0, evitou o avolumar da vantagem portista, primeiro aos 12, em novo corte «milagroso»; depois aos 25, em intervenção decisiva para travar um excelente ofensivo do FC Porto. A experiência do capitão falou mais alto e controlou danos de uma má entrada benfiquista no clássico. Líder, ainda ajudou nas ações ofensivas, sobretudo naquele «forcing» final do Benfica ao tentar chegar ao 1-1.


POSITIVO

Rodrigo: Em contraste com a inoperância de Cardozo, o hispano-brasileira fez um jogo de raça e vontade. A bola não chegava lá à frente? Rodrigo tentava ir buscá-la mais atrás. Sulejmani, Salvio e Cardozo não estavam em noite sim? Rodrigo fazia os possíveis para compensar. Foi dele o passe para Maxi, no primeiro remate do Benfica na partida, já depois dos 20 minutos. Foi dele o cabeceamento perigoso, perto do intervalo, a rasar o poste. Atacar no Dragão é difícil. Atacar no Dragão sozinho ou, por vezes, mal acompanhado é ainda mais complicado. Saiu a meio do segundo tempo, esgotado, para dar o lugar a Lima. 

Os laterais: Quaresma fez a vida negra a Maxi nos primeiros minutos, mas o uruguaio, raçudo, reapareceu no jogo e foi dele o primeiro remate perigoso do Benfica no jogo. Sílvio, sempre sereno, foi crescendo na partida e assinou boa segunda parte (bem a defender, muitas vezes a tentar o ataque). Os laterais do Benfica deram a coesão que o jogo encarnado, em muitos períodos, não recebeu dos extremos. O corte de Sílvio em cima dos 90 disse tudo sobre a exibição do lateral-esquerdo benfiquista (cada vez mais próximo do Mundial).


NEGATIVO

Cardozo: O paraguaio perdeu a titularidade na Liga, para a dupla Rodrigo/Lima, Jesus entendeu conceder-lha na Taça. Não sendo um jogo de ataque continuado para o Benfica, muito menos uma partida com frequentes ações de bola parada passíveis de serem aproveitadas pelo pontapé forte do paraguaio, o que sucedeu foi que o poder ofensivo dos encarnados ficou substancialmente reduzido. Simplificando, Cardozo foi uma unidade a menos. «Não esteve» no Dragão.

Garay: O internacional argentino está a fazer uma excelente época, mas esta noite terá tido o pior quarto de hora da temporada, naquela péssima entrada em jogo. Sobretudo, é claro, no lance do golo de Jackson, em que foi completamente ultrapassado pela movimentação e pela execução do ponta-de-lança colombiano. Afetou-se com a falha, voltou a facilitar nos minutos seguintes, mas lá corrigiu com o evoluir do jogo. No segundo tempo, teve novo momento infeliz, ao «oferecer», de cabeça, a bola a Jackson Martinez, em lance que poderia ter tido consequências fatais para os encarnados. 

Sulejmani
: A ideia de Jorge Jesus era rodar, poupar a «cavalaria» para o encontro em Braga (que praticamente pode garantir, já no domingo, o título aos encarnados), mas a realidade mostrou que dar a titularidade a Sulejmani no Dragão é, no mínimo, arriscado para quem quer chegar à final da Taça. O sérvio nunca encontrou o registo certo, andou perdido em campo, deu prendas ao adversário, colocou o Benfica em défice, sobretudo na primeira meia-hora. Sulejmani tem muita qualidade, já o demonstrou aliás ao serviço do Benfica nesta temporada, mas o jogo no Dragão não era a melhor altura para pô-lo no onze. Melhorou uns pozinhos no segundo tempo, mas acabou por ser rendido por Gaitan. 

Salvio: Precisa de recuperar ritmo, é certo. E só em jogos fortes isso pode voltar a acontecer (também é verdade). Mas a titularidade de Salvio foi outro fator a explicar a péssima entrada do Benfica no jogo. Empurrado pelo FC Porto para zonas estranhamente recuadas, o Benfica demorou a aparecer no jogo e a escassez de produção das alas foi uma das explicações. Os meses de paragem de Salvio foram «visíveis» no Dragão, mas ainda assim o argentino tentou contrariar o destino, a partir dos 55 minutos, com algumas ações pelo lado direito.