Imperou a lei do mais forte.

Quarenta e cinco minutos de bom nível permitiram ao Sporting de Braga construir uma vantagem de dois golos. Essa vantagem funcionou como uma espécie de seguro para prevenir quaisquer percalços tão intrínsecos aos jogos da Taça.

E de facto, essas contrariedades surgiram, de sobremaneira na etapa complementar. Mérito do astuto conjunto do São Martinho, pois claro.

FICHA E FILME DO JOGO

O clima de festa vivido em redor do Estádio do Desportivo das Aves, casa emprestada do São Martinho neste final de tarde, não se estendeu ao relvado. Pelo menos na primeira parte, muito por culpa da entrada forte do emblema primodivisionário.

Abel Ferreira fez apenas duas alterações - estreou o jovem Erick e lançou André Moreira – e o Sporting de Braga rapidamente vincou as diferenças que existem entre os dois conjuntos.

Os bracarenses procuravam chegar à baliza contrária, preferencialmente pelo corredor direito. Ricardo Esgaio ganhou imensas vezes a linha do fundo, mas os cruzamentos teimavam em não encontrar um destinatário que vestisse de vermelho. Porém, Jefferson, ao contrário do seu colega, demonstrou outra capacidade nesse capítulo.

Encontrou Dyego Sousa, que aproveitou uma falha clamorosa de Bianchi para inaugurar o marcador. Apenas doze minutos jogados e São Martinho já estava em desvantagem.

Vida muito complicada para a formação de Santo Tirso que parecia tentada a baixar os braços. Contudo, o golo do adversário teve o condão de libertar as amarras aos jogadores do São Martinho.

Esboçaram primeira, ainda que ténue, aproximação à baliza de André Moreira. Pelo meio, o Sporting de Braga acumulou uma mão cheia de oportunidades desperdiçadas até que, a associação entre Jefferson e Dyego Sousa, voltou a surtir efeito. Novo cruzamento do lateral para uma cabeçada mortífera do ex-Marítimo.

O bis de Dyego Sousa, o primeiro ao final de nove meses, parecia ter arrumado em definitivo a eliminatória.

Ainda assim, antecipar um desfecho revelou-se prematuro. O intervalo transformou por completo a equipa do São Martinho. Morderam a linha e foram para cima do Sporting de Braga. Em suma, perderam o respeito e enfrentaram o oponente olhos nos olhos.

Beneficiaram de alguma sobranceria dos comandados de Abel Ferreira, é um facto. Mas, alheios à altivez contrária, conseguiram encurtar distâncias graças a um tento de Martin, após uma cavalgada impressionante de Darmien.

O sonho do São Martinho estava vivo, bem vivo. Aparentemente. Volvidos apenas dois minutos, Fábio Martins assinou o terceiro golo minhoto.

Uma vez mais, o jogo parecia decidido. Sem nada a perder e a temer, os homens de Rui Orlando, de peito feito, enfrentaram o gigante. Tiveram ousadia e qualidade suficientes para encurtar distâncias novamente e espreitar uma oportunidade para atirar o jogo para prolongamento nos minutos finais.

Martin teve nos pés o tento do empate, mas desperdiçou na cara de André Moreira. Foi o canto do cisne para o São Martinho.

O Sporting de Braga ainda esbanjou uma grande penalidade, por Jefferson, nos instantes finais. Esse lance espelhou a segunda parte bracarense: pouco inspirada e com raros momentos de qualidade.

Um desfecho que poderia ter sido diferente caso o jogo não tivesse duas partes tão distintas. Ainda assim, ficou provado que há muito talento nas divisões inferiores dos campeonatos nacionais.