O golo, esse momento definidor. O golo, aquilo que todos procuram, seja por que via for. O golo, que é festa, amargura, orgasmo, missão cumprida. Foi ele, como se o futebol por uma vez tivesse lógica, a decidir para que lado cairia o jogo de Braga, desta noite. Um golo no momento chave, outro pouco depois. E um jogo que, nos quinze minutos inaugurais foi dividido, disputado, equilibrado, virou fácil, fácil para Sérgio Conceição.
 
Apoiado nesse golo de Santos, no final do primeiro quarto de hora, o Sp. Braga construiu uma vitória clara e inequívoca. Como se fossem precisas palavras para explicar o que os números tão bem mostram… Passou justamente às meias-finais, onde vai reeditar duelos com o Rio Ave, de má memória na época passada.
 
Pelo caminho trucidou um Belenenses que prometeu muito mas que se esgotou nos tais 15 minutos de equilíbrio que teve o jogo. Abanou com o golo inaugural, sofrido de bola parada, e não mais voltou a si. Acabou goleado.
 
Na estreia de Carlos Martins, a equipa de Lito Vidigal acusou em demasia o golo que abriu o ativo. E nada o fazia prever porque, até então, tinha mostrado as garras ao Sp. Braga. Não tinha as mesmas armas, é certo, mas apareceu esticada em campo e acreditava que era possível seguir em frente.
 
O golo de Santos e, pouco depois, o segundo de Rafa Silva, após passe de Ruben Micael, foram uma estocada forte de mais. O Sp. Braga ficou como quis no jogo.
 
A goleada em três passos
 
Se, com 2-0, a eliminatória ficava na mão do Sp. Braga, a goleada acabou por surgir de forma algo natural, com três motivos a explicarem o porquê.
 
Primeiro, a atitude bracarense. Louvável. Fome de bola e de golos. Vontade de vencer e a consciência que um brilharete na Taça de Portugal, depois de deixar pelo caminho o rival V. Guimarães e o campeão Benfica, está mais perto. O percurso já é bom, mas, lembra Sérgio Conceição, a história só guarda lugar para os vencedores.
 
Depois, os tiros no pé do Belenenses. A expulsão de Deyverson, injusta porque exagerada, será a mais visível, mas a falta de intensidade no miolo e a forma passiva de defender trariam um resultado semelhante, estivesse quem estivesse em campo.
 
Basta ver, aliás, o terceiro golo do Sp. Braga, com Ruben Micael a perceber muito mais rapidamente do que Brandão, Meira e, sobretudo, Palmeira, onde iria cair a bola. Antecipou-se e marcou. Fácil.
 
Por fim, os executantes. Porque o Belenenses, sendo uma boa equipa desta Liga, não tem um Pardo para desequilibrar ou um Danilo a juntar as linhas.
 
Tudo junto só poderia dar em goleada. E deu. Pardo, de fora da área, fez o quarto. Éder encontrou espaço para também marcar e Alan, que entrara no segundo tempo, fez o resultado chegar à meia dúzia. O toque final foi de Pedro Tiba, por entre as pernas de Matt Jones, já quase nos 90. Sete.
 
Pelo meio, num momento de brio, o Belenenses fez o golo de honra, por Fábio Nunes, que rendera Carlos Martins ao intervalo. Na altura valeu o 4-1. No final, resultou em pouco mais de nada. Um assombro de honra, talvez.
 
O Sp. Braga continua a encarar a Taça de Portugal de forma séria e competente. Mostra fulgor e vontade de chegar ao Jamor. O último obstáculo chama-se Rio Ave.