Esforço. Dedicação. Devoção. Se em tempo estes três motes que fazem o lema do Sporting faltaram, agora estão permanentemente presentes. Nos testes mais duros e também nos mais acessíveis, aqueles que provocaram em tempos os mais imprevisíveis dissabores.

Nesta terça-feira, na goleada por 4-0 sobre o Tondela, a equipa de Ruben Amorim foi aquilo que tem sido em 2023/24, na Liga, na Europa e também na Taça de Portugal. Uma equipa séria, com já o tinha sido diante do modesto Dumiense e, em parte, frente ao Olivais e Moscavide.

E, sem surpresa, colocou-se nos quartos de final da Taça de Portugal, onde na verdade já estava bem antes do fim da primeira parte, quando o inevitável Viktor Gyökeres fez o 3-0 e colocou um ponto final no mais ténue sinal de dúvida que pudesse invadir o mais pessimista dos adeptos.

No Sporting-Tondela foram acentuadíssimas as diferenças de qualidade entre o líder da Liga e o sexto classificado do segundo escalão e nem as várias alterações nos leões, com seis jogadores de início que não são presenças assíduas no onze, as atenuaram.

Deu para estrear o reforço Rafael Pontelo – titular e saiu ao intervalo – para dar minutos ao regressado Coates, para viver sem Edwards (engripado) e gerir o desgaste, de início ou durante o jogo, com a saída precoce de Pote ao intervalo e de Gonçalo Inácio e Gyökeres à hora de jogo. E deu para ver, uma vez mais, uma equipa que transpira confiança por todos os poros.

Durante todo o jogo, só por duas vezes se viu sinais de facilitismo no Sporting. Ainda com 0-0 no marcador, numa perda de bola que terminou cum um remate de Rui Gomes ao poste esquerdo e, já com 2-0, numa nova tentativa do avançado dos beirões, que apareceu solto na área para cabecear ao lado.

Nada que beliscasse minimamente uma noite em que o leão voltou a ser esmagador e implacável no aproveitamento dos erros de uma equipa que quis sair a jogar, mas que foi incapaz de um fazer com o acerto indispensável diante de um coletivo tão forte com este de Ruben Amorim.

Aconteceu no 2-0, assinado por Pote, que bisou aos 16 minutos depois de ter inaugurado o marcador pouco antes, e também no 4-0, no qual Gyökeres, no minuto inicial da segunda parte não deixou passar um mau atraso de Lucas Mezenga para o guarda-redes Leo Navacchio, errático a jogar com os pés.

Mas, para isso, é preciso correr. E este leão, além de jogar, corre muito. Condiciona os adversários e força-os ao erro.

Depois da hora de jogo, Amorim geriu as peças, mas o Sporting, com Coates, Afonso Moreira e, depois, Dário Essugo, manteve-se insaciável.

E isto diz muito sobre a saúde de uma equipa, capaz de apresentar rendimento com ou sem os seus melhores intérpretes em campo. Continuou a construir, a acumular aproximações perigosas, mas o 4-0 manteve-se até ao apito final. Aquele que formalizou um apuramento que ficou garantido bem cedo em Alvalade com dose dupla de Gyökeres e Pote.