A FIGURA: Arthur Cabral

Os primeiros meses na Luz podiam tê-lo destruído animicamente. Assobios, alcunhas de gosto duvidoso, segunda e, por vezes, terceira opção para Roger Schmidt. Arthur Cabral passou por tudo isso. Manteve-se firme e cresceu nas últimas semanas após a lesão de Tengstedt. Nesta quarta-feira fez o 2-1 após um gesto técnico exímio e o que dizer da assistência, de costas, para o 3-2 de Aursnes? Não parece nada desfasado da equipa e, diante do Sp. Braga, rubricou a melhor exibição desde que chegou ao futebol português.

O MOMENTO: golo de Aursnes. MINUTO 70

Aconteceu no pior momento do Benfica no jogo, numa altura em que os minhotos acumulavam aproximações perigosas à área de Trubin. O (cada vez mais) lateral norueguês aventurou-se no ataque para receber um passe soberbo de Arthur e apurar os encarnados para os quartos da Taça.

OUTROS DESTAQUES

Rafa: tem o jogador mais influente do Benfica nas últimas semanas e nesta quarta-feira voltou a liderar mais um triunfo – o sexto seguido – da equipa de Roger Schmidt. Mesmo quando as coisas não estavam a correr bem aos encarnados, foi a ele que os colegas recorreram quando conseguiram contornar a teia montada por Moutinho, Vitor Carvalho e, mais à frente, Zalazar. Aos 42 minutos, isolado por Kökcü (passe tremendo) disparou colocado para o empate na Luz. Está em final de contrato, tudo parece indicar que vai deixar a Luz no final da época, mas quem o vê jogar diria que está a jogar para a renovação.

João Neves: ele e Kökcü estavam a perder na primeira parte a batalha para os homens do meio-campo do Sp. Braga, capazes de fazer chegar a bola ao ataque e lançar transições perigosas sem grande oposição. O camisola 87 das águias foi à luta como sempre. Impositivo nos duelos e a procurar guardar a bola e entregá-la com critério. O 1-1 de Rafa nasceu nele.

Kökcü: o jogador mais caro da história do Benfica chegou a Portugal com pezinhos de lã. Esteve longe do que sabe fazer nos primeiros meses da época, depois lesionou-se e agora aproxima-se finalmente da sua melhor versão. O passe para Rafa Silva no empate é soberbo e antes já tinha servido com precisão António Silva num canto batido da esquerda. Aos 90+4 quase marcou o quarto. Não é só visão de jogo que tem: é a forma como faz a bola chegar ao destino quase sempre redonda.

Zalazar: uns segundos com a bola bastam para perceber que é um jogador refinado, acima da média. E aquele pé direito dispensa apresentações. Se no primeiro golo ainda teve a contribuição de João Mário, no segundo teve a inspiração dos deuses. Sempre que recebia com as mínimas condições para armar o pé direito, sentia-se a apreensão na Luz. Num dia bom, como o de hoje, é dos melhores jogadores que pisam os relvados portugueses.