Prevaleceu a lei da necessidade. O Marítimo precisava de fazer mais do que o Estoril para seguir em frente na prova e foi isso que fez. Venceu o Gil Vicente com um golo apontado por Maazou de grande penalidade no último suspiro do primeiro tempo, perante um «Galo» que já nada podia fazer na Taça da Liga. Os insulares levaram a melhor aproveitando os erros da equipa de Barcelos e a derrota do Estoril na Covilhã.
 
Já arredado da luta pelo acesso às meias-finais da prova, o Gil Vicente jogou apenas pela sua honra e pela «dignidade» pedida por José Mota antes do encontro. Por isso mesmo, o técnico do Gil Vicente alterou praticamente toda a sua equipa em relação ao último jogo da Liga, fazendo mesmo alinhar de início o jovem Vagner, ainda pertencente aos juniores. Enza-Yamissi foi o único sobrevivente em relação à derrota em Belém.
 
Do lado do Marítimo as contas faziam-se de outra forma, com os insulares ainda a ter possibilidades de seguir em frente na Taça da Liga, ainda que dependentes do que o Estoril fosse capaz de fazer na Covilhã. Leonel Pontes mexeu menos na sua equipa, operando apenas quatro substituições, essencialmente no meio campo. A estreia do reforço de inverno Raúl Silva foi a principal novidade.
 
Perante este cenário, é fácil de imaginar que emoção foi coisa que pouco se fez sentir no Estádio Cidade de Barcelos. Três bancadas nem chegaram a abrir, a que abriu registou uma assistência que não terá chegado à centena de espectadores.
 
Penálti de Maazou contraria frio
 
Das bancadas não vinha calor humano, a ambição das duas equipas também não fazia por aquecer o ambiente, pelo que o frio foi a nota dominante no arranque do encontro. Ainda assim, e apesar de nada ter a ganhar com este encontro, as segundas linhas de José Mota até entraram melhor no encontro, rondando com mais energia a baliza maritimista.
 
Os pupilos de Leonel Potes reagiram, contudo, ainda a tempo de protagonizar os lances de maior perigo do primeiro tempo. Aos 22 minutos Ebinho fez a bola embater no poste da baliza de Caleb na sequência de um cruzamento da esquerda de Xavier. O remate de primeira foi um dos primeiros sinais de vida insular. Apenas três minutos depois, Ruben Ferreira obrigou o guardião gilista a fazer uma das defesas da tarde.
 
Apesar de se registar um ligeiro ascendente para o Gil, o que é certo é que o Marítimo era mais perigoso. Chegou mesmo ao descanso em vantagem com um golo de grande penalidade apontado por Maazou. Pek’s, que esta tarde foi o capitão de equipa, foi castigado pelo árbitro Rui Costa depois de ter cortado o esférico com a mão.
 
O nigerino do Marítimo não desperdiçou e, mesmo sem fazer muito por isso, beneficiando do empate sem golos na Covilhã, o conjunto da ilha da Madeira chegou ao intervalo apurado para a próxima fase da prova.
 
Vantagem chegou para a expectativa desde a Covilhã
 
O segundo tempo começou com mais do mesmo. Vagner, o miúdo dos juniores do Gil que apareceu entre os graúdos e até foi dos mais irrequietos, precisou apenas de dezanove segundos para criar perigo com um remate cruzado que saiu muito próximo do poste esquerdo da baliza à guarda de José Sá.
 
Uma entrada de rompante a deixar antever um segundo tempo combativo do Gil, mas que acabou por não se verificar. O futebol praticado não tinha sido o melhor no primeiro tempo, decresceu ainda mais de intensidade na segunda parte.
 
As maiores movimentações dos segundos quarenta e cinco minutos em Barcelos chegavam da Covilhã, onde o resultado do Sporting local diante do Estoril ditaria, ou não, a passagem do Marítimo às meias-finais.
 
Contas feitas, o triunfo maritimista conjugado com a derrota do Estoril na Covilhã confere à equipa de Leonel Pontes o passaporte para as meias-finais da Taça da Liga. Em velocidade de cruzeiro e sem direito a exuberâncias, mas com toda a legitimidade. O Gil teve a tal «dignidade» e foi um digno vencido. Os pupilos de José Mota não conseguiram manter longe os erros que tem vindo a cometer no campeonato. A grande penalidade cometida por Peks era escusada e evitável.