A Académica bateu o Belenenses em casa por duas bolas a zero, tornando-se assim em mais uma dos «tomba-gigantes» desta terceira eliminatória da Taça de Portugal. Se bem que, dado o estatuto de histórico do clube conimbricense e sobretudo a exibição consistente da noite deste domingo, esse estatuto seja manifestamente exagerado.

O primeiro tempo no Cidade de Coimbra teve a equipa da casa como maior protagonista em termos ofensivos, apesar do arranque interessante do conjunto belenense. Com Kaká a pegar no jogo e Marinho a arrancar pela ala direita, endiabrado, a Briosa soube tirar partido do adiantamento permanente da linha defensiva dos forasteiros, conseguindo-se aproximar regularmente da baliza de Joel Pereira com grande perigo. O primeiro grande momento do jogo ocorreu à passagem do vigésimo minuto: Pedro Nuno surge isolado na cara do guardião do Belenenses, que o derruba de forma clara e inequívoca. Penálti assinalado, cartão amarelo para o «keeper» emprestado pelo Manchester United ao emblema do Restelo. Na conversão, Kaká bateu em força mas direto à barra.

FILME DO JOGO

No entanto, o brasileiro iria redimir-se, 16 minutos depois: passe longo para as costas da linha defensiva belenense, com Marinho a desmarcar-se, a perder margem de manobra face à presença de dois defensores contrários, mas a conseguir contornar finalmente a oposição e a bater sem apelo nem agravo Joel Pereira. Golo muito festejado por todo o Estádio Cidade de Coimbra e naturalmente pelo herói do Jamor, em 2012. Até ao intervalo, e não restando muito tempo, o Belenenses conseguiu esboçar uma resposta, numa situação em que Gerso isolou Abel Camará e este atirou para uma defesa tremenda de José Costa, com o pé. Bem vistas as coisas, o resultado mais justo ao intervalo era a vantagem mínima dos donos da casa.

Para os segundos 45 minutos, Quim Machado decidiu lançar mais um ponta-de-lança (Kommen Andrić) e o médio-defensivo Uri Rosell, retirando das quatro linhas os médios Palhinha e Luís Silva. Opção arriscada a de mexer no miolo, mas com efeitos práticos na melhoria da qualidade de jogo da equipa. Foi um Belenenses mais solto aquele que reapareceu no regresso dos balneários, no entanto, seria a Académica a marcar de novo, por intermédio, curiosamente, de um jogador contrário: Marinho cruzou na direita e Dinis Almeida desentende-se com o guarda-redes Joel Pereira, cabeceando na direção da própria baliza. Um rude golpe nas aspirações do conjunto lisboeta e que podia ter tido repercussões piores, com Dinis Almeida novamente a ficar mal na fotografia, com um atraso displicente para Joel Pereira a ser intercetado por Pedro Nuno, que falhou de forma escandalosa na cara do guardião adversário…

O Belenenses procurou a reação até aos derradeiros minutos da partida, mas a defesa academista esteve insuperável, revelando uma coesão tremenda e uma capacidade de antecipação a todo e qualquer perigo que foi surgindo. E lá vão Marinho e companhia rumo a mais uma eliminatória, em busca do regresso ao mítico Jamor, onde a Briosa já foi tão feliz num passado recente…

FICHA DE JOGO

Estádio Cidade de Coimbra

Espectadores: 1502.

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).

Árbitros-assistentes: Nélson Moniz e Jorge Fernandes.

Quarto árbitro: Tiago Mendes.

ACADÉMICA: José Costa; Nii Plange, João Real, Diogo Coelho, Makonda; Fernando Alexandre (Tom Tavares, 84m), Kaká; Marinho, Pedro Nuno (Nuno Piloto, 68m), Traquina; Rui Miguel (Tozé Marreco, 79m).

Suplentes não utilizados: João Gomes, Nuno Santos, Alfaiate e Ernest.

BELENENSES: Joel Pereira; João Diogo, Dinis Almeida (Domingos Duarte, 73m), Gonçalo Brandão, Florent; Palhinha (Rosell, 46m), André Sousa, Luís Silva (Andrić, 46m); Sturgeon, Abel Camará, Gerso.

Suplentes não utilizados: Ventura, Mica Pinto, Betinho e Tiago Caeiro.

GOLOS: Marinho (37m) e Dinis Almeida (a.g., 65m).

Disciplina: Joel Pereira (20m), Luís Silva (31m) e Rui Miguel (51m).