É uma verdade tão lapalissiana que parece tonto pô-la nesta crónica. Os bons jogadores fazem bem às equipas na mesma medida em que fazem falta quando não estão em campo.

Isto para explicar que este leão está, naturalmente, longe de ser o mesmo sem o contributo de alguns dos habituais titulares e que nesta quinta-feira, frente ao Famalicão, os sinais foram evidentes.

O Sporting seguiu em frente na Taça de Portugal, mas Jesus precisou de recorrer, por azar ou por necessidade, à artilharia pesada (Gelson e Bruno Fernandes) que tinha no banco 48 horas depois da Seleção Nacional.

FILME E FICHA DE JOGO

A noite fria de outono parecia trazer consigo um leão enregelado, quase hibernado num sono profundo até que a lesão precoce de Jonathan Silva forçou Jorge Jesus a lançar Gelson Martins em campo logo aos 12 minutos.

Irónicamente, o momento aproximou a equipa de Jorge Jesus da sua matriz de jogo. Coentrão, que começara a partida como extremo, recuou no terreno e o esquerdino Bruno César trocou a direita pela ala esquerda. Com as peças encaixadas nos sítios certos e Gelson a dar outro andamento e imprevisibilidade, o Sporting cresceu e deixou para trás um início de jogo que só graças a Rui Patrício não começou da pior forma para os leões.

Com mais dinâmica, sustentada sobretudo por Gelson e Podence, a equipa da casa foi empurrando o Famalicão para trás, mas esbarrou quase sempre, ora na sólida muralha montada por Dito, ora na barra de Gabriel, num remate forte de Bruno César de fora da área.

O intervalo chegou com superioridade leonina, mas nulo no marcador e a necessidade de mais.

Quinze minutos terá sido o tempo que Jesus deu à equipa para desencaixar o puzzle que o técnico dos famalicenses estava a fazer funcionar com alguma sorte e muita competência à mistura.

Mas não dava a bem e foi preciso recorrer a Bruno Fernandes. O criativo do Sporting, chamado à Seleção pelo início de temporada pujante, puxou dos louros. Desta vez não foram os remates teleguiados de fora da área, mas os cruzamentos milimétricos. Primeiro para a cabeça de Coates aos 65’; depois para a entrada do holandês Bas Dost a dez minutos do apito final, numa altura em que o Famalicão já aparecia de peito feito na área do leão e ameaçava o empate.

Ainda se recorda da tonta verdade lapalissiana que abriu a crónica? Vale por Gelson, por Bruno Fernandes, por quem ficou de fora, mas também por Rui Patrício. O guarda-redes salvou um golo em cima da linha de baliza com 1-0 no marcador e ainda travou um penálti com o apito final a vista.

Triunfo justificado de um leão que fez valer a lei do mais forte, mas que não se livrou de alguns arranhões na luta a caminho do Jamor.