«Tudo o que não seja ganhar é mais do que anormal.»

O que Jorge Jesus considerou ser anormal no lançamento da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal verificou-se até ao início da segunda parte, quando Adrien se encarregou de pôr os pontos nos «is» e atirou para o fundo das redes da marca dos onze metros. Suspirou-se de alívio em Alvalade.

Não que o jogo estivesse tremido, mas o Praiense já tinha demonstrado matreirice para apanhar o leão desprevenido.

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Ainda havia quem procurasse o lugar nas bancadas e a equipa açoriana já deixava toda a gente boquiaberta em Alvalade. Filipe Andrade recebeu um pontapé longo, escapou a Jefferson, encheu-se de fé e atirou forte de pé direito para o golo do Praiense.

Francisco Agatão tinha prometido levar para Lisboa uma equipa destemida e à procura de criar embaraços ao leão.

E o golo madrugador, celebrado euforicamente pelos jogadores do conjunto do Campeonato de Portugal, era um grande embaraço, mas cedo se percebeu que dificilmente seria suficiente para que esta noite se escrevesse uma história romântica.

Um Sporting alternativo (Jorge Jesus trocou dez jogadores em relação ao triunfo sobre o Arouca na última jornada) não tardou a pegar no jogo e instalou-se no meio-campo da equipa açoriana, apostando no jogo pelos flancos e explorando a incapacidade demonstrada pelos extremos para acompanharem o andamento dos laterais leoninos.

Sucederam-se assaltos à área do Praiense, onde o guarda-redes Tiago Maia associava segurança ao brilhantismo até Paulo Oliveira repor a igualdade a meio da primeira parte no desvio de cabeça após um canto batido da esquerda por Jefferson.

O Praiense conseguiu aguentar o empate até ao intervalo. Uma espécie de meia-vitória e desengane-se quem pense que chegou lá assim com recurso à tática do autocarro. Apesar de apresentarem um bloco curto, os homens de Francisco Agatão insistiam, quando lhes era permitido, em defender longe da baliza.

Fizeram-no várias vezes, mesmo sabendo que podiam correr mais riscos desta forma, mas só caíram no início da segunda parte, quando Bruno César foi derrubado na grande área por Luciano Serpa e permitiu ao leão passar para a frente.

O resto da história desta crónica não é mais do que a reposição da normalidade. A lógica do futebol a imperar. Um Golias a impor-se a um David que foi destemido durante muito tempo, mas que acabou por cair exausto, muito por culpa de Bruno César e Adrien Silva, os dois melhores elementos do Sporting nesta noite.

O brasileiro ainda marcou o 3-1 e assistiu o recém-entrado André para o quarto e quinto golos. Adrien? Lembra-se de termos dito que Jesus trocou dez jogadores para este jogo? Só não abdicou do capitão leonino e percebe-se porquê…

O Sporting segue em frente da Taça depois do susto inicial. O Praiense cai ao fim de 14 jogos invicto nas competições nacionais. Números expressivos, mas atitude digna.

Valeu.