O Leixões veio do Estádio do Mar ao Estádio Luz, mas não teve braços para travar as sucessivas vagas do ataque do Benfica que deixou a eliminatória praticamente resolvida até ao intervalo com três golos marcados em vinte minutos. A equipa de Matosinhos deixa, apesar de tudo, a Taça de Portugal com a honra intacta, com um golo em cada uma das partes e uma exibição abnegada diante de um adversário inspirado e determinado em voltar ao Jamor. Um bom jogo, com oito golos e um resultado desnivelado a deixar transparecer a lei natural do mais forte.

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Um Benfica avassalador, com asas renovadas, com Zivkovic, há muito a reclamar pela titularidade, e Andre Carrillo, com mais uma oportunidade, a entrarem diretamente para o onze, que voltou a contar também com a dupla Jonas Mitroglou. A este quarteto juntava-se ainda Pizzi e os laterais Nélson Semedo e André Almeida, esta noite com flanco livre para subir. E aqui já destacámos sete jogadores que subiam, em bloco, em sucessivas vagas e provocavam o caos na área da equipa de Matosinhos, que se via, em alto mar, sem braços para travar tantos ataques.

O Leixões apresentou-se na Luz, em teoria, num ousado 4x3x3 que, na verdade, nunca chegou a ganhar forma. A equipa foi empurrada para a sua área e perdeu toda a organização tática, com três ou quatro jogadores a perseguir o detentor da bola e os outros aos papéis a procurar fazer as devidas compensações. Um oásis para a velocidade e técnica dos jogadores mais adiantados do Benfica que trocavam a bola, abriam brechas e criavam oportunidades atrás de oportunidades.

Ainda assim, o Leixões aguentou o barco ao longo de vinte minutos, em esforço, com o coração nas mãos, a fazer o impossível. Depois de ameaças de Jardel e Zivkovic, Pizzi abriu finalmente as comportas, com um remate seco à entrada da área, depois de Nélson Semedo ter invadido a área mais uma vez pela direita. Um golo que podia ter mudado o jogo, mas que na verdade deixou tudo na mesma. O Leixões não estava em condições de reagir porque o Benfica continuou a carregar por todos os lados e a prioridade dos homens de Daniel Kenedy era apenas afastar a bola da sua área. Fati, Fatai e Porcellis, em teoria o trio da frente, ainda procuravam a espaços, sair a jogar, mas rapidamente eram desarmados e tinham de recuar em socorro dos companheiros.

As oportunidades sucediam-se na baliza de Assis e Carrillo também esteve muito perto de marcar. Dez minutos depois do primeiro golo, chegou o segundo, de forma fortuita, diga-se. André Almeida recuperou uma bola sobre a esquerda e procurou recolocá-la na zona de finalização. Mitroglou fez-se ao lance, mas não chegou e a bola seguiu para as redes de Assis. Um golo muito festejado por todos os jogadores em redor do lateral. Afinal de contas, foi o primeiro golo de André Almeida pela equipa principal [já tinha marcado pela equipa B].

Mas não havia tempo para respirar, pelo menos para o Leixões. Mais um raide de Nélson Semedo a levar tudo a frente antes de assistir Mitroglou. O avançado grego atirou na passada, André Teixeira ainda cortou, mas Jonas apareceu para a emenda. Muito fácil. Antes dos 40 minutos, parecia que a eliminatória já estava resolvida, mas o Leixões ainda conseguiu manter a expetativa, com um golo ao cair do pano, construído pelo trio da frente. Grande passe de Fatai a lançar Fati sobre a ala direita e cruzamento para Porcellis encostar já com Júlio César batido.

Mais quatro golos na segunda parte

Um golo que, na verdade não mudava muito, mas sempre deixava alguma expetativa para o segundo tempo em que o Leixões aproveitou o facto do Benfica levantar o pé, para se apresentar mais aberto. Ainda assim, o Benfica quase voltou a marcar, logo a abrir o segundo tempo, com Mitroglou a atirar à trave, depois de assistência de Jonas. O jogo estava agora bem diferente do que tínhamos visto na primeira parte. A equipa de Matosinhos já conseguia respirar diante de um Benfica que mantinha o controlo, mas com uma velocidade mais reduzida. Numa investida de Zivkovic, Lenda Belly colocou o pé e derrubou o sérvio. Na conversão do castigo máximo, Mitroglou atirou a contar. Agora sim, estava tudo resolvido. Ou não… O Leixões, do nada, voltava a desenhar um lance de golo, com Fati em primeiro plano a quebrar a consistência da defesa do Benfica e a servir Porcellis para o «bis» na Luz.

A diferença de dois golos não durou mais de quatro minutos. Mais uma investida de Zivkovic [imparável], Lenda Belly tenta a interceção, mas acaba por servir Mitroglou que não se fez rogado e também bisou. Agora sim, estava tudo resolvido. O Benfica voltava a levantar o pé, mas o Leixões já não tinha forças para voltar a remar contra a maré. Ao cair do pano, o Benfica ainda marcou o sexto, com Carrillo a assistir Mitroglou para o «hat-trick».

O Benfica fica, assim, a um curto passo, neste caso dois jogos com o Estoril, de voltar a disputar uma final da Taça de Portugal.