A Federação Portuguesa de Futebol lançou mais um extrato da conversa descontraída entre Rui Vitória e Pedro Martins em que os dois treinadores abordam vários temas antes da final da Taça de Portugal. Neste vídeo, os dois técnicos falam da introdução do vídeo-árbitro e da intervenção dos treinadores em campo.

Foi neste segundo tema que o treinador do Benfica conta um episódio recente de uma mensagem que, depois de passar por muitas mãos, chegou ao destinatário invertida. Os jogadores que deviam jogar sobre uma ala, acabaram por ir jogar para o lado contrário.

Sobre o vídeo-árbitro:

Rui Vitória: «Sou um defensor das ajudas para que o espetáculo seja melhor. Não gosto muito quando se utiliza o termo da verdade desportiva porque também não acho que quando se erra haja mentira desportiva, talvez o termo justiça desportiva seja melhor. Também tenho algum receio porque isto, por si só, não resolve os problemas. A Federação tomou esta decisão, agora há que pô-la em prática, mas tem de haver tolerância. O jogo vai mudar porque, se calhar, em determinados momentos, os árbitros vão deixar de analisar e esperar pelo vídeo-árbitro. Mas sou um defensor de tudo aquilo que venha ajudar a que o jogo seja mais justo».

Pedro Martins: «Subscrevo tudo o que acabaste de dizer. Tenho só mais dois pontos. Não podemos perder a essência do jogo. Por vezes à decisões do vídeo-árbitro que demoram muito tempo a serem decididas. Esperemos que paragens atrás de paragens não venham a prejudicar o fundamental no futebol. Outro ponto que acho importante. Não achas que nós, em determinadas situações, podemos também recorrer ao vídeo-árbitro, como acontece no ténis? Uma situação em que o próprio treinador peça essa intervenção».

Rui Vitória: «Acho que sim. Até à data, o árbitro era o único elemento que estava em campo que não sabia se tinha sido ou não tinha sido. Nós temos logo a informação quase em tempo único, quem está no estádio também olha para um ecrã do estádio e vê uma imagem, quem está em casa vê logo uma repetição e o árbitro, que é quem decide, não tem essa possibilidade. Portanto, tudo o que seja uma ajuda sou defensor».

Pedro Martins: «És apologista que o treinador tenha uma ação mais eficaz no jogo?»

Rui Vitória: «Num momento ou outro, uma paragem para reunir as tropas...»

Pedro Martins: «Teos pouca intervenção. Muitas vezes somos criticados por termos pouca intervenção, mas não imaginam o que é ter 30 ou 40 mil pessoas no estádio e ninguém nos ouve».

Rui Vitória: O treinador poder fazer uma pagarem para corrigir um aspeto ou outro, para passar uma mensagem. Vou só contar esta história. Tive um jogo há pouco tempo em que tinha de passar uma mensagem ao meu adjunto, que por sua vez teve de passar a mensagem a um jogador que não falava português, nem inglês, nem francês, que, por sua vez, tinha de passar a mesma mensagem a um que estava lá dentro, que era brasileiro que, depois, tinha de passar a um africano. Entretanto, um deles, a meio do jogo, pôs o papel ao contrário e... estás a ver o cenário que foi. O que era para jogar à direita, jogou à esquerda».