Roger Schmidt voltou a apostar na receita do dérbi para encontrar o caminho para os oitavos de final da Taça de Portugal diante de um Famalicão que até ofereceu boa réplica durante 70 minutos, mas que, depois, deitou tudo a perder em apenas dois, com um autogolo e uma expulsão que abriram caminho para a vitória do Benfica.

Confira a FICHA DO JOGO e os VÍDEOS DOS GOLOS

Roger Schmidt parece ter deixado definitivamente no passado a experiência com uma defesa a três e voltou a apostar na mesma estrutura que tanto sucesso proporcionou no dérbi com o Sporting, com uma linha de quatro, com dois laterais adaptados, mais uma vez Aursnes e Morata, apenas com uma alteração cirúrgica no ataque, com Tengstedt, o autor do golo no triunfo sobre o Sporting, a entrar para o onze em detrimento de Musa. De resto tudo igual, as mesmas dinâmicas, com João Neves a aparecer muitas vezes junto à área do Famalicão.

João Pedro Sousa também recuperou o seu melhor onze, depois de ter poupado algumas peças, na eliminatória anterior, frente ao Camacha, com uma equipa a descair constantemente para o lado esquerdo, onde Francisco Moura e Puma Rodríguez a procurarem explorar as costas de Di María, sempre adiantado, e a colocarem muitas dificuldades a Aursnes na defesa do flanco.

A primeira oportunidade foi mesmo para o Famalicão, com Francisco Moura a descer pelo flanco a toda a velocidade, a derivar para o centro e a invadir a área, obrigando Trubin a sair de entre os postes para evitar o primeiro golo. O Benfica respondeu com uma elevada posse de bola, procurando depois empurrar o adversário para a sua área, com Di María e João Mário bem abertos sobre as alas a obrigar o Famalicão a esticar também a sua defesa e a abrir brechas na zona central. Foi num cruzamento de João Mário, da esquerda, que Aursnes esteve muito perto de abrir o marcador, com o norueguês a vir de trás para encher o pé para a primeira grande defesa de Luiz Junior da noite.

O jogo começava a ganhar ritmo e a acelerar, mas o Famalicão continuava a ter uma porta de fuga pela esquerda, onde Francisco Moura e Puma Rodríguez continuavam a conseguir muita profundidade, obrigando o Benfica a recuar em toda a linha. O avançado panamiano, que esteve ao serviço da seleção, obrigou Trubin a aplicar-se mais uma vez, com um remate na passada, mas logo a seguir o Benfica conseguiu, finalmente, prender o adversário junto à sua área e multiplicou-se em oportunidades junto à baliza de Luiz Junior.

Numa delas, na sequência de um grande passe de Di María, Tengstedt entrou na área, contornou Luiz Junior e rematou, já de ângulo apertado. Valeu ao Famalicão o corte providencial de Ricceli sobre a linha de golo. Di María também chegou a levantar as bancadas com um forte remate de fora da área para mais uma grande defesa do inspirado guarda-redes do Famalicão, mas logo a seguir Trubin também teve de aplicar-se para afastar mais um remate de Puma Rodríguez.

O jogo estava, assim, entretido, com o Benfica com mais posse de bola, mas com o Famalicão a conseguir manter o registo dos remates equilibrado, com Henrique Araújo, de regresso a casa, a também tentar marcar, com um desvio de cabeça. A verdade é que o intervalo chegou a voar, com uma mão cheia de oportunidades claras, mas com o nulo ainda intacto.

Um autogolo e uma expulsão em apenas dois minutos

Logo a abrir a segunda parte, o Benfica procurou restaurar o cerco à área de Luiz Junior, mas o Famalicão, muito consistente, continuou a conseguir escapar facilmente pelos flancos, chegando mesmo a colocar dificuldades aos encarnados nos instantes iniciais, mais uma vez com Puma Rodríguez endiabrado no corredor esquerdo.

O Benfica já não conseguia impor a mesma intensidade no jogo diante de um Famalicão mais fresco com as entradas de Johnder Cádiz e de Dobre. As primeiras substituições foram, aliás, um momento marcante neste jogo, com os adeptos a levantarem-se para aplaudirem de pé a saída de Henrique Araújo, um jogador muito querido pelos adeptos, com um longo historial na formação encarnada.

A verdade é que o Benfica parecia que estava a perder gás, mas foi neste preciso momento que o jogo virou do avesso em apenas dois minutos. Primeiro, numa tentativa de saída de bola do Famalicão, Ausnes recuperou a bola, Tengstedt escapou pela direita e cruzou tenso, à procura de Rafa Silva, mas Riccieli, na tentativa de cortar o lance, acabou por desviar a bola para as próprias redes. Inesperadamente, o Benfica estava na frente do marcador. Bola ao centro, novo passe para Tengstedt que acaba por ser derrubado pelas costas por Otávio. Vermelho direto para o central do Famalicão que estava a destacar-se como um dos melhores jogadores em campo.

Em vantagem no marcador e em vantagem numérica, o Benfica chegou logo a seguir ao 2-0, com João Mário a encontrar Rafa Silva destacado e o número 27 a rematar em arco para delírio das bancadas.

Estava feito. Ainda se seguiram as danças dos bancos, com mais salvas de palmas para João Neves e também para Tiago Gouveia, numa altura em que o Famalicão já tinha deixado cair os braços. Tal como no último dérbi como Sporting, o Benfica  resolveu este jogo em dois tempos.