O Desportivo de Chaves eliminou o Sporting nos quartos de final da Taça de Portugal, depois de já na edição desta temporada na prova ter afastado, também em casa, o FC Porto. Carlos Ponck, de cabeça, aos 87 minutos, foi decisivo ao fazer o único golo do jogo.

Em quatro dias os flavienses bateram o pé duas vezes ao Sporting. Primeiro com o emapte para a Liga, e agora com a passagem na Taça de Portugal, a equipa às ordens de Ricardo Soares volta às meias finais da prova após sete anos, quando na época 2009/2010 chegou à final.

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Exibição mais do que positiva dos transmontanos na primeira parte já deixava antever este final. A segunda parte foi mais fraca, com o Sporting a melhor a espaços, mas quem chegou à vitória foi mesmo o Desportivo de Chaves, a equipa que mais e melhores situações conseguiu criar.

Na equipa flaviense Ricardo Soares promoveu apenas duas alterações face ao jogo da Liga, uma forçada, pois William não recuperou do traumatismo na perna e ficou na bancada. Na baliza, regresso natural de António Filipe à titularidade, do guarda-redes figura dos flavienses na Taça de Portugal, ao ter sido preponderante para a eliminação do FC Porto, também em casa, para a 4ª eliminatória.

Diferente abordagem teve Jorge Jesus para a segunda partida em Chaves, com um total de cinco alterações. Começando pela baliza, chamou Beto à titularidade, sendo forçado a lançar Paulo Oliveira por castigo de Rúben Semedo, lançando ainda Jefferson para o lugar de Bruno César na defesa. No meio campo a novidade foi a chamada de Bryan Ruiz, saindo Alan Ruiz de titular para a bancada. Na frente, André fez companhia a Bas Dost, saindo Campbell.

Ou por terem o orgulho ferido, ou por terem  as ‘orelhas quentes’, após o empate em Chaves, à segunda oportunidade os sportinguistas tentaram desde cedo corrigir o mau resultado.

Mas pela frente voltou a ter uma equipa bem organizada, aguerrida e sem medo de ter a bola. Os flavienses cresceram a partir dos seis minutos, muito por culpa de um moralizado Fábio Martins, após o golaço a Rui Patrício dias antes.

As grandes oportunidades começaram a surgir para a equipa da casa que teve momentos em que voltou a vergar o leão. Aos nove minutos Fábio Martins esteve perto de marcar, ganhando mas costas a Esgaio e a rematar em estilo para uma defesa vistosa de Beto.

O regresso do guarda-redes do Sporting a Chaves, onde já jogou, foi de muito trabalho. Aos dez minutos ficou apenas a ver a bola a sair junto à barra, após livre em zona perigosa para Fábio Martins, mas aos 12 foi preponderante após o extremo do Chaves vencer o duelo com Gelson e em plena grande área disparar para golo. Beto deu o corpo às balas e defendeu.

Pode parecer incrível, mas nesta fase era apenas em contra-ataque que a equipa sportinguista conseguia atacar e teve mesmo de arregaçar as mangas para ter também bola a meio campo. Teve de ir ao choque e viria a pagar por isso, primeiro com Adrien a ver amarelo ao fazer sucessivas faltas e depois com duas lesões. Tudo em 45 minutos.

Mas antes disso o golo podia ter surgido para os leões. O deslumbramento de um Chaves dominante expos a equipa flaviense e Gelson conseguiu ter espaço, aos 28 minutos, partindo os rins a Freire e a obrigar António Filipe, após remate cruzado, a defender para canto.

A resposta não demorou em do outro lado o golo também estava perto. Brilhante Rafael Assis a ganhar em força a William Carvalho e a isolar de trivela Rafael Lopes, que tentou fintar Jefferson mas o defesa brasileiro não permitiu. No entanto, teria de sair por lesão com Bruno César a ser chamado ao encontro.

O mal do Sporting não ficaria por aqui. Quando uma coisa corra mal, é fácil surgirem mais problemas e André viria a sair de maca, em cima do intervalo, após um lance dividido com Perdigão. Era a vez de Campbell ter de entrar, mas com direito a aquecer durante todo o intervalo.

Minutos antes Coates tinha ficado perto do golo após um canto, onde cabeceou ao lado do poste direito do ‘batido’ António Filipe, mas o destaque eram as duas alterações forçadas e tantas dificuldades em 45 minutos para uma equipa sportinguista ‘sob brasas’.

Quem mandou Artur Soares Dias apitar para intervalo? O descanso fez mal às equipas, principalmente aos transmontanos, que não voltaram com a mesma capacidade de choque. É certo que o Sporting continuou longe do golo, mas passou a ter bola. Ricardo Soares mexeu mesmo cedo no jogo, colocando mais um médio Patrão, e retirando o extremo Perdigão.

No outro lado da ‘barricada’, o recém entrado Campbell, pela direita, aliviava um pouco as ‘costas’ de Gelson, e o jogo leonina passava a ser jogado pelos dois flancos. A ala esquerda mais rotinada, entre Bruno César, o costa-riquenho e com o apoio de Bryan Ruiz, mostrava finalmente um melhor futebol por parte dos visitantes.

A sonolência na partida teria o seu fim, finalmente, para o último quarto de hora. Num minuto as duas equipas podiam ter marcado. Primeiro foi Freire a falhar na área leonina, após canto de Patrão, ao cabecear ao lado. Depois, na sequência do lance, Bas Dost trabalhou bem de costas para a bola, isolou Gelson nas costas de Nélson Lenho mas o extremo viu o seu remate ser defendido para canto por António Filipe.

Pouco depois esteve à vista mais um golo olímpico. Aos 80, Beto bateu mal um pontapé de baliza e a bola foi parar aos pés de Braga, que não pensou duas vezes e tentou o chapéu, obrigando o guarda-redes do Sporting a voar e defender para canto.

Não foi de chapéu mas foi de bola parada. Aos 87 minutos, após livre pela direita, conquistado por Davidson, Patrão cruzou com conta, peso e medida para a cabeça de Ponck, que desviou de cabeça fora do alcance de Beto.

Com o cronómetro contra os lisboetas pouco mais havia a fazer para a equipa de Jorge Jesus. Na ocasião do Sporting de bola parada, após canto, Bas Dost apenas conseguiu atirar ao lado e após os descontos o Municipal de Chaves rebentou para nova festa flaviense.