Fim da linha, sem 'piedade'. Assim se resume o afastamento do Marítimo da Taça de Portugal, esta quarta-feira, nos Barreiros. A equipa de Daniel Ramos foi superior à formação de Almada, que milita na II Liga, em todos os capítulos e momentos do jogo. Mas já sabe que a estatística, em todos os indicadores que oferece para análise, pouco conta no futebol.

Os homens de Bruno Ribeiro souberam interpretar na perfeição o que lhes foi pedido pelo seu técnico, mesmo até sob o stress do desempate por penáltis: 2-4. Ao longo dos 120 minutos de jogo, o Cova da Piedade apenas deu mostras de que podia disputar o resultado no primeiro quarto de hora, ou seja, até o Marítimo assumir o controlo do jogo.

O perigo rondou quase sempre a área de Anacoura. Mas quando a defensiva visitante não conseguia resolver, o guardião italiano disse sempre presente. Teve algum trabalho, é certo, mas a bem da verdade convém esclarecer que o ataque madeirense só conseguiu criar perigo real num punhado de ocasiões. O Marítimo produziu um grande caudal ofensivo, é certo, mas raras vezes o esférico foi tratado com a eficácia necessária para fazer mexer o marcador.

A defesa mais vistosa do guardião do Cova da Piedade, e talvez a mais importante, foi efetuada em cima do minuto 40, com uma palmada providencial que desviou a bola por cima do travessão na sequência de um cabeceamento de Everton. Defesa fundamental para manter intacta a estratégia de Bruno Ribeiro para os últimos 45 minutos.

O Marítimo, sobretudo no segundo tempo, foi obrigado a jogar num estilo a que não está habituado, uma vez que é a equipa de Daniel Ramos que tem por hábito ceder a iniciativa ao adversário, na expectativa de poder lançar transições rápidas.

Com o recuo no terreno dos visitantes, que se foi acentuado com o decorrer da partida, coube aos madeirenses assumir as despesas do jogo, jogando em ataque continuado ante um adversário que só pensava em surpreender no contra-golpe, que por sinal é uma das principais armas do Marítimo deste ano.

Perante a ineficácia ofensiva do Marítimo, Daniel Ramos fez entrar habituais titulares que ficaram no banco. O técnico queria mais rapidez na última fase de construção, pelo que Valente e Pinho foram lançados na partida. Mas apenas o ponta de lança conseguiu dar nas vistas, embora o lance individual que criou tivesse acabou no poste esquerdo da baliza de Anacoura. Decorria o minuto 80, e o Marítimo começava a jogar mais com o coração do que com a cabeça.

Os verde-rubros tentaram de tudo para evitar o prolongamento, não mostraram capacidade concretizadora para evitar tal desfecho. Chegados a esse período, a expulsão de Willian deverá ter contribuído para o reforço da postura defensiva do Cova da Piedade para o que faltava jogar até ao desempate por penáltis. A equipa de Bruno Ribeiro abdicou praticamente do ataque, cedendo por completo a iniciativa ao Marítimo, e apostando numa grande entreajuda entre todos os seus elementos.

Quando o último apito soou, vários jogadores do Cova da piedade deixaram-se cair sobre o relvado. Até parecia que o pior estava feito. A confirmação chegou desde a marca de penálti, com Firmino, que já atuou pelo União da Madeira, a marcar o golo decisivo.