O sorteio da Taça de Portugal ditou que o Praiense, uma das oito equipas do Campeonato de Portugal, se deslocasse ao Estádio de Alvalade, para um duelo inédito entre leões e açorianos.

Mas afinal quem é esta equipa do terceiro escalão do futebol português?

Fundado em 1947, o Praiense foi formado após a extinção dos três clubes existentes em Angra de Heroísmo na época: Santa Cruz Sport Club, o Futebol Club 11 de Agosto - conhecido como “O Rasga” - e o União Operária Praiense.

A juventude da zona sentiu a necessidade de jogar futebol de forma oficial após ficar sem clubes e fundou o Sport Clube Praiense, mandando vir do continente camisolas vermelhas para prática do desporto.

Os jovens reuniam-se no chamado «Clube dos Caixões», estabelecimento de um senhor também motivado com a criação do clube. Mais tarde surgiram desavenças, o que explica a criação, um pouco mais tarde, do rival União Desportiva Praiense.

O Sport Clube Praiense ficou conhecido pelos «vermelhos» por ter ficado com as camisolas iniciais e o adversário como «os brancos» por ter ficado com camisolas brancas adquiridas posteriormente.

O clube venceria o seu primeiro troféu oficial na época 1955/56, o Campeonato Distrital de Reservas, e em 1966/67 consegue o primeiro grande marco da sua história ao sagrar-se campeão açoriano num jogo contra o União Micaelense, vencido por 4-0.

Com os seus altos e baixos prosseguiu a sua história e já este século conseguiu por duas vezes vencer a 3ª divisão Nacional, série Açores: em 2007/08 e em 2012/13.

Desde essa última conquista, no ano anterior à reformulação do plano de competições e ao surgimento do Campeonato Nacional de Seniores (agora de Portugal), o Praiense mantém-se no terceiro escalão do futebol português e tem em 2016/17 o objetivo de subir à II Liga.

Nunca participou em competições profissionais e pode conseguir algo inédito este ano com Francisco Agatão ao leme.

O antigo adjunto de Carlos Manuel no Sporting, em 1997/98, está imparável na estreia a liderar a equipa açoriana e está no primeiro lugar da sua série do Campeonato de Portugal só com vitórias.

Na Taça de Portugal o registo é o mesmo e nem sequer precisou de prolongamentos para chegar aos 16 avos de final.

Na 1º eliminatória ultrapassou o Sporting Ideal fora por 0-2, seguiu-se um triunfo sobre o Coimbrões, também fora, por 2-5 e por fim o Farense em casa por 3-1.

Vive-se um sonho na ilha Terceira, mais especificamente na Praia da Vitória, e esta vinda a Alvalade é a continuação do mesmo, analisando pela reação do responsável do clube presente no sorteio.

Mal Simão Sabrosa retirou a bola que dizia «Praiense» e a emparelhou com os leões, Luís Leal festejou efusivamente. No fim analisou assim o jogo que calhou em sorte: «É com enorme humilde e respeito que vamos jogar com o Sporting. Espero um bom espetáculo e um bom momento para o Praiense e que o futebol seja uma festa.»

«Um plantel de ilustres desconhecidos»

Francisco Agatão lidera um plantel de «ilustres desconhecidos» com apenas dois nomes que podem ter ficado na retina do leitor há uns anos.

Um deles é Rui Gomes. O médio formado no Boavista, integrou o plantel dos axadrezados em 2004/05 sem fazer qualquer jogo, mas em 2013/14 voltou a «casa» e fez 16 jogos pela Pantera, no último ano em que o clube esteve no CNS. Antes, Rui Gomes tinha pertencido ao plantel do Arouca, comandado por Vítor Oliveira, que subiu o clube à I Liga em 2012/13.

O outro elemento é Tiago Maia, guarda-redes formado no FC Porto, que na época 2010/11 foi chamado várias vezes por André Villas Boas a treinar com a equipa principal que ganhou tudo nessa temporada. Esta época ainda não soma minutos e vive na sombra do experiente André Vieira e de Filipe Soares.

Importa destacar a juventude do plantel de Francisco Agatão que apenas tem três elementos acima dos 30 anos: o guarda-redes já mencionado, Jimbé, central de 33 anos, e João Peixoto, médio formado no V. Setúbal de 33 anos.

Ofensivamente esta é uma equipa forte, dizem os números, com 26 golos marcados em nove jogos e nove sofridos.

Filipe Andrade e Vasco Goulart, ambos de 23 anos, são os máximos goleadores com cinco golos cada, sendo o primeiro extremo e o segundo ponta de lança.

Todos procuram «um lugar ao sol» e uma oportunidade como profissionais de futebol. Alvalade poderá ser um importante passo para se mostrarem e darem continuidade ao trabalho feito até à data.

Falta um mês para o desafio, que ficará na história no clube e... dos leões.