A figura: Jonas

O melhor jogador em campo em tudo o que isso significa. Ou seja, de todos aqueles que pisaram o relvado do Complexo Desportivo da Covilhã, Jonas está num patamar acima e é preciso explicar, porque, apesar disso, podia não ser a melhor exibição da noite. Mas foi ambas as coisas. De costas ou de frente para a baliza, procurou quase sempre o jogo coletivo, porque na maneira que tem de jogar entende que o melhor modo de ultrapassar adversários e chegar à baliza contrária é através de combinações, de tabelas. Jogou quase sempre a um ou dois toques, entre linhas, a criar jogo. Depois também foi matador. Marcou o penálti com frieza, logo no minuto inicial, e fez o 2-2 num toque de ponta de lança, com classe. Depois, completou o hat-trick com o golo do triunfo, a terminar uma das melhores combinações da noite, entre os três melhores encarnados.

O momento: minuto 69

O jogo estava empatado e embora o Benfica desse alguns sinais positivos, a verdade é que também não tinha uma cadência de jogadas perigosas por aí além. Mas depois, três futebolistas que percebem o jogo do mesmo modo criaram um golo. Gonçalo Guedes foi para um espaço interior e percebeu, muito bem, que tinha de meter em Jonas quando teve espaço. O brasileiro fez o que tinha andado a fazer toda a noite: deu um passe para um colega que estava em melhor posição (Pizzi) e o camisola 21 retribuiu para o 3-2. Futebol bem jogado é aquilo.

Outros destaques

Gonçalo Guedes

Uma estreia absoluta do camisola 78 na equipa encarnada e, sem complexos ou nervosismos, atirou-se ao jogo. Fez algumas das melhores jogadas da primeira parte, entre os golos do Sp. Covilhã. Numa delas, obrigou Taborda a uma grande defesa. De resto, parece ser um miúdo com muita maturidade: o que é que isso quer dizer? Que entende bem os momentos de jogo, toma boas decisões e não se deixa levar por algum egoísmo que seria normal para os 17 anos que tem. Jesus já o elogiou, pelo que se viu nesta noite bem. Falta agora ver com continuidade, até porque o Sp. Covilhã é um adversário do campeonato que disputa e muitas vezes a Liga distingue os rapazes dos homens.

Pizzi
Percebe-se a ideia de Jesus. Pizzi tem visão e poder de decisão para encaixar no meio do terreno. Boa saída da pressão e bom passe. E não é pela atitude a defender que Pizzi não pode ser usado mais vezes. É pela compreensão que tem dos momentos em que deve pressionar, como fazê-lo e por onde, e quando deve esperar. É isso, por exemplo, que distingue o jogo defensivo de Enzo Pérez. Em suma, Pizzi no meio é uma boa ideia, que precisa de trabalho. Mas é tão boa que no momento em que se escrevia este destaque desmarcou Jonas para o hat-trick.

Bebé

Jesus disse uma vez que o jogo de Bebé «é ele e a bola» e o 32 da Luz continua a dar razão ao treinador. Muita corrida, muita tentativa de furar. Devia analisar o que fizeram Jonas e Gonçalo Guedes.

Traquina

Um golo e uma assistência a fazer jus ao nome. Benito viu-se e desejou-se com o extremo-direito do Sp. Covilhã que aproveitou o erro do suíço para fazer o 1-1. Na frente de Artur, teve uma calma imensa e bateu o guarda-redes encarnado com um belo toque. Depois, no 2-1, foi ele que cruzou para Erivelto e somou o tal passe. Ao intervalo, a figura do encontro era ele!