Xeque-mate em três minutos. Paulo Fonseca ganhou o duelo de xadrez a Lito Vidigal e coloca o Sp. Braga pela terceira época consecutiva nas meias finais da Taça de Portugal, mais uma vez com o Rio Ave como adversário. Hugo Basto, na própria baliza, e Stojiljkovoc apontaram os golos dos arsenalistas, deitando por terra a estratégia arouquense. O triunfo bracarense apenas na segunda parte ganhou forma.  
 
Depois do embate do campeonato, em que um Arouca organizado na sua retaguarda foi capaz de suster o maior ímpeto ofensivo dos arsenalistas, conseguindo uma igualdade sem golos, o jogo desta quarta-feira teve um figurino diferente.
 
O conjunto de Lito Vidigal apresentou-se na Pedreira menos inibido, com a mesma estratégia de contensão, mas mais espevitado quando podia espreitar o ataque. Até porque se tratava de um jogo a eliminar, também Paulo Fonseca redobrou cautelas e o Sp. Braga não se balanceou de forma tão afincada para o ataque.
 
Embate cauteloso

Assim sendo, assistiu-se a um Sp. Braga a assumir as despesas do jogo como é seu apanágio, mas com menos pujança e, acima de tudo, falhando mais passes do que é habitual, fazendo com que a circulação de bola não fosse conseguida de forma fluída.
 
Os arouquenses respondiam quase sempre com pragmatismo e tentando fazer uso de transições rápidas para fazer a aproximação à baliza de Matheus. A estratégia de Lito Vidigal ia, contudo, sendo traída pelo fora de jogo, em grande parte devido à ação da linha mais recuado montada por Fonseca. Embate cauteloso de parte a parte, portanto.


Entre este duelo de técnicos, o encontro tornou-se também uma espécie de duelo de xadrez com as duas equipas a ter especial atenção à luta no que concerne às cartolinas amarelas. Marcelo Goiano foi admoestado logo aos oito minutos – depois de já ter feito uma falta dura logo no primeiro minuto -, levando a que Carlos Xistra usasse de um critério apertado depois de ir cedo ao bolso pela primeira vez.
 
Certo é que se chegou ao intervalo com as redes de ambas as balizas invioláveis, apesar do maior ascendente bracarense na reta final do primeiro tempo. Bracali teve que defender em voo um remate de Hassan do meio da rua e evitou que Rafa abrisse o ativo quando estava isolado precisamente no último minuto da primeira metade.
 
Arouca ao tapete em três minutos
 
A segunda parte começou com mais ritmo, parecendo que as cautelas ficaram nos balneários. Numa fase de toada e reposta, aumentou o ritmo mas manteve-se a tendência com o Sp. Braga a voltar a rubricar os lances de maior perigo. Bolo disparou fortíssimo ao lado na sequência de um livre em zona frontal à baliza e Rafa falhou de forma escandalosa o primeiro numa jogada em que tinha tudo para fazer o golo.
 
A arte que faltou aos arsenalistas para marcar foi compensada pelo infortúnio do ex-bracarense Hugo Basto, que na tentativa de se antecipar a Hassan na pequena área num cruzamento tenso de Goiano da esquerda acabou por trair Bracali fazendo um autogolo que alterou o curso do jogo.
 
O Sp. Braga chegava à vantagem aos 57 minutos e o Arouca acusou o golo sofrido, como que admitindo que grande parte da estratégia do jogo tinha sido afetada. Embalados pelo golo, os pupilos de Paulo Fonseca precisaram apenas de mais três minutos para chegar ao segundo por intermédio de Stojiljkovic. O último reduto do Arouca ainda conseguiu travar a primeira investida de Luiz Carlos, mas foi impotente para travar a recarga oportuna do atacante sérvio.
 
Em apenas três minutos o Arouca foi ao tapete, com a eliminatória a ficar resolvida quando ainda havia meia hora para se jogar. Contrariamente ao que se passou na Liga, o Sp. Braga soube ser mais paciente e deu a estocada nos arouquenses sem entrar em desesperos.

A turma do Arouca tentava encaminhar-se para um encontro com a história, chegando pela primeira vez à antecâmara do Jamor. A história foi travada por um Sp. Braga mais calejado, com outros pergaminhos e que pelo terceiro ano consecutivo marca encontro com o Rio Ave nas meias finais da Taça de Portugal.