Sessenta e um anos depois, o Sporting volta a vencer três dérbis na mesma época. Um golo de Islam Slimani, já no prolongamento, consumou a reviravolta e apurou os leões para os oitavos de final da prova, às custas do rival Benfica.
 
As águias marcaram finalmente um golo, mas acabaram novamente derrotadas, naquele que foi um dérbi nivelado por baixo. Em comparação com os últimos duelos entre estes emblemas para a Taça de Portugal, mas também em comparação com os dois confrontos anteriores da presente temporada.
 
Rui Vitória introduziu mudanças significativas na equipa do Benfica e isso tapou alguns desequilíbrios, mas a escassez de ideias a nível ofensivo manteve-se. O Sporting foi surpreendido de início e depois sentiu dificuldades para procurar espaços na frente, mas acabou por ser superior e continua em prova.
 
Mitroglou reforçou a estratégia
  
Não se confirmou o grande espetáculo que vinha sendo hábito na Taça, mas os primeiros minutos apontavam nesse sentido: Slimani atirou ao poste logo ao minuto 5 e na resposta o Benfica...marcou. 
 
Ao terceiro duelo as «águias» conseguiam finalmente marcar ao rival. Mérito da abertura de Gaitán, sobretudo, mas também da perspicácia de Mitroglou a aproveitar um dominínio de Pizzi para atirar de primeira para a baliza.
 
O golo do grego reforçou a estratégia preparada por Rui Vitória, sustentada provavelmente nos problemas físicos de Jonas. O brasileiro estava em dúvida para o encontro e acabou por ficar no banco. Pizzi rendeu-o no «onze» mas foi jogar para o lado direito, com Guedes no flanco oposto. Gaitán apareceu solto, mais nas costas de Mitroglou, e tirou proveito dessa liberdade no lance do golo.
 
O Benfica apresentou-se mais coeso, a fechar melhor o corredor central, zona que o Sporting tinha dominado claramente nos dois duelos anteriores. Se na Luz a equipa de Jorge Jesus tinha explorado sabiamente os erros do adversário na construção dos ataques, agora estava obrigada a assumir outras despesas de jogo, por força da desvantagem no marcador.
 
O Sporting sentiu dificuldades para reagir, mas aos poucos foi intensificando a pressão, até porque o Benfica mostrava-se incapaz de sair do seu meio-campo, amarrado à ideia de pontapés longos à procura de Mitroglou. A estratégia resolveu alguns desequilíbrios mas pouco ou nada acrescentou em termos ofensivos. O Benfica não fez mais nenhum remate no primeiro tempo.
 
Perante isto foi preciso esperar pelo minuto 34 para ver nova ocasião de perigo: Júlio César abordou mal um cruzamento de João Pereira e socou a bola contra Slimani, com o esférico a passar por cima da barra. O guarda-redes brasileiro esteve bem melhor logo a seguir, com uma defesa a remate de longe de Jefferson (39m), mas já em período de descontos voltou a abordar mal uma saída da baliza, no lance que dá o empate ao Sporting. Luisão também foi infeliz na forma como cortou de cabeça para trás, mas depois o compatriota precipitou-se na saída a Slimani, que colocou a bola em posição frontal. Samaris e Eliseu ainda cortaram numa primeira instância, mas a bola sobrou para o tento der Adrien.
 
Entrada de leão para depois a águia abrir as asas
 
Surpresa no «onze» inicial do Sporting, Montero não correspondeu à aposta e acabou por ser trocado por Gelson ao intervalo. A equipa da casa entrou com garra na segunda parte, mas sem conseguir criar perigo, pese embora o claro domínio territorial.
 
O Benfica registou melhorias com a entrada de André Almeida para o lugar de Pizzi (61m). Uma alteração que, curiosamente, permitiu à equipa encarnada alongar-se um pouco mais no terreno. Gaitán passou para a esquerda e Talisca aproximou-se mais de Mitroglou, a ponto de ter logo testado a atenção de Rui Patrício em dois momentos (68 e 71m). Logo a seguir foi Eliseu a obrigar Patrício a defesa apertada com um remate de longe (75m), fechando o melhor período do Benfica, que até tinha começado com um penálti simulado por Gaitán (63m) e punido disciplinarmente por Jorge Sousa.
 
O Sporting recuperou o ascendente nos minutos finais, impulsionado sobretudo por Slimani. O argelino também viu cartão amarelo por simular uma grande penalidade, mas para além disso esteve perto de garantir o triunfo com dois lances. No primeiro só não marca por força de uma fantástica defesa de Júlio César, para logo a seguir atirar ligeiramente por cima (88 e 90m).
 
Já no prolongamento Jesus viu-se condicionado nas opções, uma vez que teve de substituir Jefferson e Ewerton por lesão. O Benfica foi o primeiro a criar perigo, com um remate de Gaitán para defesa de Patrício, mas foi o Sporting a marcar, ao minuto 112. Slimani (quem mais?), na recarga a um remate de Adrien defendido por Júlio César.
 
A reação do Benfica ficou depois condicionada por duas «baixas»: Samaris foi expulso no lance do golo e Luisão saiu lesionado pouco depois (com uma tala na braço), num lance em que o Benfica reclamou grande penalidade. 

O golo de Slimani resolveu a eliminatória. Quando o cansaço já era mais do que evidente, foi a alma do argelino que vingou.