Ponto prévio: o Sporting arriscou.

Andou muito tempo – demasiado tempo, aliás – em cima de uma corda sem rede, exposto a um qualquer imponderável que lhe causasse um tombo de consequências imprevisíveis.

Por isso, lá está, arriscou muito, e também por isso sai desta eliminatória da Taça de Portugal vivo, o que significa que sai com o essencial garantido, mas cheio de palpitações, mãos suadas e cabeça ainda à roda: sai vivo, portanto, mas combalido. Muito combalido, de resto.

Foi preciso até Jorge Jesus ir ao banco buscar a artilharia pesada para resolver este problema.

O Sporting entrou em campo sem William e Gelson, que já tinham ficado de fora dos convocados, mais Bas Dost e Bruno Fernandes, que começaram o jogo no banco.

O treinador entregou o meio-campo a Battaglia e Bryan Ruiz, com Bruno César e Acuña nas alas, mais Podence no apoio a Doumbia.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

Ora durante toda a primeira parte, só mesmo Podence e Doumbia agitaram o jogo. Foram os únicos que procuraram o espaço vazio, que abriram linhas de passe, que ofereceram solução aos colegas, perante um Acuña que quis muito, mas não conseguiu dar mais (está claramente em baixo de forma), um Bryan Ruiz preso de movimentos e um Bruno César distante do jogo.

Talvez por isso o Cova da Piedade tenha saído para o intervalo a dever a si próprio a vantagem no marcador: criou aliás as duas melhores ocasiões de golo, em dois remates aos ferros de Patrício.

A formação de Almada foi, aliás, sóbria e competente. Defendeu bem, explorou o contra-ataque e teve velocidade nas saídas à procura da baliza adversária. Deixou uma excelente imagem, portanto.

Ao intervalo era óbvio que o Sporting tinha de fazer alguma coisa e Jorge Jesus não foi de meias medidas: lançou de imediato Bruno Fernandes e Bas Dost.

Bas Dost disse «basta»: veja os destaques do jogo

Com o médio e o avançado nos lugares de Bryan Ruiz e Bruno César, o Sporting foi por fim melhor. Mas não muito melhor: apenas o suficiente. Continua a ter a posse de bola e a isso acrescentou-lhe a capacidade de chegar mais facilmente à zona de finalização. Apenas isso.

A verdade, no entanto, é que isso foi suficiente: ameaçou por Doumbia e André Pinto, marcou por Bruno Fernandes e Bas Dost, e garantiu o apuramento.

Pelo meio o Cova da Piedade marcou também, num penálti cheio de classe de Cléo, por mão na bola de André Pinto. Com isso colocou um pouco mais de justiça nesta história: a equipa merecia aquele prémio e merecia alimentar durante mais algum tempo a esperança em fazer Taça.

O Sporting, lá está, andou demasiado em cima de uma corda sem rede. Sofreu, a bom sofrer. Tremeu, penou e lançou um grito de SOS: Bruno Fernandes e Bas Dost vieram em seu socorro.

Jorge Jesus sabe quem não o deixa ficar mal.