O Vitória de Guimarães teve de recorrer a dois lances de bola parada para quebrar um aguerrido Moura que, num dia em que o verão regressou em plena força junto ao Alqueva, em pleno outubro, colocou tremendas dificuldades à equipa de Rui Vitória. Durante mais de uma hora, a equipa alentejana passou a ideia que podia haver taça no Alentejo.

Confira a FICHA DO JOGO

O Vitória, distribuído em 4x4x2, com o uruguaio Jonathan Alvez e Tomané na frente, assumiu, naturalmente, a iniciativa do jogo, mas certamente não contava com tamanha réplica do Moura que se apresentou com um ousado 4x3x3, com três médios bem juntos na zona central, a deixar os corredores livres para os laterais que subiam sem receios, provocando desequilíbrios na defesa minhota. O jogo começou intenso, apesar dos anormais quase trinta graus que se faziam sentir, com parada e resposta.

Os minhotos procuravam forçar pela alas, com Henani e Alex muito ativos, mas o Moura, muito seguro a defender, liderados pelo capitão Anselmo, saía a jogar de pé para pé, com muito atrevimento, com Mike Habib a servir de «pivot» na zona central, a gerir bem o jogo e a esticá-lo até junto da área de Assis. O Vitória dominava, tinha mais bola, mas sentia dificuldades em encontrar espaços no últimos terço do terreno, até porque tinha de estar precavido contra a forma atrevida como o Moura saía a jogar.

A primeira oportunidade evidente até foi do Moura, aos 20 minutos, com Mauro a trabalhar bem na zona frontal, mas a falhar o remate, apenas com Assis pela frente. A verdade é que o jogo estava repartido e Rui Vitória não estava nada satisfeito junto à linha. O Moura ia a todas as bolas, metia o pé e dava luta. Os choque multiplicaram-se em campo. Pedro Mendes saiu lesionado, do lado dos alentejanos, e, já perto do intervalo, Defendi também saiu de maca. O jogo chegava ao intervalo sem golos, com alguma rudeza na disputada bola, mas, acima de tudo, equilibrado.

Tanto calor, alguém tinha de quebrar...

Apesar de tudo, notou-se um ascendente dos minhotos antes do intervalo. Com o calor que se fazia sentir, era natural que a equipa melhor preparada, em termos físicos, acabasse por se impor. Mas o descanso fez bem ao Moura que voltou a entrar com tudo o que tinha para a segunda parte. Rui Vitória pedia mais intensidade, os jogadores tentavam corresponder, mas os de amarelo, agora mais recuados, não desarmavam. David Nunes ainda assustou Assis, depois de um cruzamento de Cajú, mas o Vitória estava agora bem mais perto da baliza de Igor. Tomané deu o primeiro sinal, com um remate ao poste, depois de mais um bom trabalho de Hernâni (o melhor em campo), mas o golo surgiu de bola parada, já com Bernard em campo.

Canto de Alex, André André e Hernâni elevaram-se nas alturas, mas foi o infeliz do Anselmo, que acabou por manchar uma grande exibição, que desviou para as próprias redes. O Moura começava a quebrar aqui, aos 65 minutos, já sem forças para subir até à área de Assis. O Vitória tinha agora o jogo sob controlo, mas ainda teve de suar para conquistar a tranquilidade. Esta chegou, aos 81 minutos, numa falta inequívoca de Francis sobre Hernâni (está em todas) que permitiu a André André fazer o segundo desde a marca dos onze metros.

O jogo acabava aqui, mas ainda havia espaço para mais uma história bonita da Taça. Bruno Ribeiro, sem nada a perder, abdicou da sua estrela maior, Bruno Severino, para lançar um júnior em campo. Uma estreia que Luís Neves, com apenas 17 anos, jamais vai esquecer.