O Dragão está faminto. É uma máquina de golos e, nesta fase, festeja-os em catadupa. Vão 14 em três jogos, todos para competições diferentes, sempre com o mesmo final feliz. Esta noite, numa exibição em crescendo e alicerçada num jogo enorme de Danilo Pereira, o FC Porto garantiu os quartos de final da Taça de Portugal atirando para fora o finalista vencido da época transata. Segunda equipa seguida da Liga que cai aos pés dos homens de Sérgio Conceição.

Do menos ao mais, o FC Porto demorou a estar tranquilo no jogo, embora, sublinhe-se, de início a fim tenha sido sempre a equipa mais perigosa. A verdade é que, sobretudo no primeiro tempo, nem sempre as coisas saíram bem. A isso somou-se o azar na pontaria excessiva de Danilo (duas bolas no ferro) e a ameaça de uma igualdade perdurou até, finalmente, Danilo acertar no lado certo da baliza. Não foi tarde, estávamos nos 54 minutos, mas foi o suficiente para deixar no ar a ideia de um jogo que se poderia complicar com um golo contrário.

Sérgio Conceição apostou, de resto, numa equipa muito semelhante ao habitual: duas mexidas apenas face à goleada de Setúbal. Casillas afirma-se como senhor das balizas na Taça de Portugal, Corona permitiu dar descanso a Brahimi. De resto, tudo igual, Reyes e Maxi incluídos.

Mexeu muito mais Pedro Martins, aliás. Foram seis as alterações, com algumas surpreendentes, como as ausências de Raphinha e Heldon no onze. O esquema era o 4-2-3-1 do costume, com Tallo como unidade mais ofensiva. Uma presa fácil para os centrais portistas.

Quanto ao jogo, começou, então, com o cabeceamento ao poste de Danilo, após canto, logo aos cinco minutos, e não se esperou muito até o Dragão, esta noite muito despido (cerca de 16 mil espectadores), festejar o primeiro.

Um penálti por evidente mão na bola de Victor García. Abrindo já o parêntesis para a arbitragem, de salientar um lance na segunda parte, na área do FC Porto, entre Marcano e Sturgeon, ainda com 1-0: ficam muitas dúvidas se não seria nova grande penalidade.

Ora, Aboubakar fez então o primeiro e o FC Porto começava como desejava: por cima. Até ao intervalo veio, então, a segunda bola ao poste de Danilo, agora em lance corrido e abrilhantada pelo passe magistral de Ricardo, e uma perdida de Aboubakar, respondendo a um passe picado de Herrera. Um cenário que se iria repetir mais à frente.

Antes, o futebol do Vitória. Sem chegar muitas vezes à baliza de Casillas, que deteve um desvio a meias entre Rincón e Maxi, após canto, e viu Sturgeon cabecear por cima, a equipa de Pedro Martins teve o mérito de, na primeira parte, não se remeter ao processo defensivo e tentar jogar no campo todo. Ruiu apenas com o segundo golo, já no segundo tempo.

Danilo marcou, finalmente, numa repetição da primeira bola ao poste e a partir daí o jogo «acabou». Pelo menos as dúvidas quanto ao vencedor, até porque, cinco minutos depois, chegou o terceiro. Lembram-se do passe picado de Herrera para Aboubakar que iria repetir-se? Foi aqui. O camaronês, agora, acertou na baliza, Miguel Silva defendeu para a frente e André André empurrou. O médio tinha entrado minutos antes para o lugar de Ricardo.

O Vitória tentou o golo de honra, viu Heldon, opção na segunda parte, enviar ao poste o que seria, sublinhe-se, merecido. Além de um golaço.

A castigar ainda mais o Vitória, que não merecia resultado tão pesado, André André, um ex-capitão no Castelo, viu um buraco entre o emaranhado de pernas e fez o segundo, bisando a partir do banco, após assistência de Soares, outra das opções de Conceição. O médio entrou com traje de matador e fechou as contas: 4-0.

O FC Porto segue justamente para os quartos de final e continua embalado para um Natal feliz. Depois de três empates seguidos, haveria melhor remédio do que três goleadas?