«A rivalidade entre o Vitória e o Braga é um pouco maior e vive-se mais intensamente do que um Benfica-Sporting». Quem o diz é João Alves, futebolista que já viveu por dentro o dérbi minhoto. O atual jogador do Freamunde representou os dois clubes na última década e recorda com nostalgia o dérbi que classifica como «único».

Quim Machado representou os rivais do Minho entre as décadas de 80 e 90. O agora treinador do Tondela fala num «jogo vivido de forma intensa pelas massas associativas» e assegura que «vencer o rival representa muito».

Ditou o sorteio da IV Eliminatória da Taça de Portugal que, no próximo domingo, V. Guimarães e Sp. Braga redijam mais uma página do histórico dérbi. João Alves e Quim Machado falaram ao Maisfutebol do encontro que se jogará no Estádio D. Afonso Henriques.

Envolvência das pessoas torna este dérbi único

«Toda a gente sabe que as massas associativas vivem este jogo muito intensamente. São jogos que toda a gente quer jogar e com uma agressividade acima da média, no bom sentido», começa por referir Quim Machado, que no verão de 1991 trocou Braga por Guimarães.

João Alves começou a jogar futebol na Liga ao serviço dos bracarenses e rumou ao reduto vimaranense depois de uma passagem pouco conseguida pelo Sporting. Para além da «intensidade», o médio aponta o «fervor» como mais um dos ingredientes do clássico minhoto.

«As pessoas conhecem o dérbi do Minho como muito fervoroso. Há sempre aquela rivalidade entre os dois clubes e entre as próprias cidades. Sinto isso. A envolvência das pessoas torna este dérbi único», atira João Alves.

«Único» a tal ponto de o comparar ao dérbi lisboeta entre o Benfica e o Sporting, atribuindo-lhe até maior dose de rivalidade:

«Apesar de um Benfica-Sporting ter muita rivalidade (eu já vivi esse jogo como vivi os dérbis do Minho), sinto que a rivalidade entre o Vitória e o Braga é um pouco maior e vive-se mais intensamente do que a de um Benfica-Sporting.»

Velocidade de Hernâni contra o improviso de Rafa

Mudam-se os tempos, mudam os intervenientes, permanece a «envolvência» e a «intensidade». Os dois clubes podem passar por altos e baixos, mas não é algo que se note quando chega a altura de medir forças.

«É um jogo de prognóstico difícil. Quando eu estava em Braga costumava ganhar o Vitória, mas normalmente até acaba por ganhar quem não estiver a atravessar uma melhor fase. Neste momento as duas equipas estão bem, mas o Vitória está realmente num grande momento», refere Quim Machado.

O treinador do Tondela, que terminou a carreira enquanto jogador nos luxemburgueses do Dudelange, aponta Hernâni e Rafa como principais candidatos a resolver o jogo da «prova rainha» do futebol português.

«Pela sua juventude e pelo momento de forma que atravessa, o Hernâni pode fazer a sua velocidade desequilibrar. Mas, no lado do Braga, há um jogador que eu fiz e que também pode resolver um desafio. O Rafa, num lance individual, pode usar o seu improviso para resolver», atira o ex-jogador natural de Santo Tirso.

João Alves é mais contido. Não aponta individualidades e espera um jogo em que estarão frente a frente juventude e experiência:

«Acho que as equipas valem pelo coletivo e pelo seu conjunto. Vamos ter um bom espetáculo no domingo. No Vitória vai pairar a sua juventude e a irreverência dos seus jogadores. O Braga é uma equipa mais madura e mais experiente, que também está a passar uma boa fase.»

Fator casa dá favoritismo ao V. Guimarães

Arriscar um prognóstico é uma ousadia. Tanto João Alves como Quim Machado assumem que o fator casa é o único que à primeira vista pode fazer o favoritismo pender para um dos lados.

«Apesar de o Braga ter uma equipa experiente, penso que o fator casa é um ponto a favor do Vitória», assume João Alves. O jogador do Freamunde vai estar na bancada do D. Afonso Henriques e até nem esconde por quem vai torcer:

«O Braga abriu-me as portas da carreira na Liga, mas o Vitória é um clube que me ficou no coração e que deixou marcas. Estive cinco anos em Guimarães, aprendi a sentir o clube e gostaria que o Vitória vencesse no domingo.»

No que à questão do favoritismo diz respeito, a opinião de Quim Machado coincide com a de João Alves: «O Vitória está forte, mas é um jogo a eliminar e o Braga não vai querer ficar pelo caminho. O fator casa faz o favoritismo estar do lado do Vitória.»

Compromissos ao serviço do Tondela (defronta o Farense no domingo) impedem Quim Machado de assistir ao vivo ao jogo. Vai seguir pela televisão, sem torcer por ninguém: «Representei ambos, tenho respeito pelos dois. Espero que ganhe o melhor.»

V. Guimarães e Sp. Braga já se cruzaram na Taça de Portugal em seis eliminatórias. O histórico é favorável aos arsenalistas, que seguiram em frente em quatro ocasiões (1959, 1967, 1977 e 2011).

Apenas por duas vezes o V. Guimarães seguiu em frente (1979 e 2013). Nesse jogo do ano passado, os rivais voltaram a medir forças no D. Afonso Henriques. Foi um golo Barrientos no prolongamento a resolver o encontro (2-1).