A pior fotografia para Bruno Varela e para o Vitória foi o melhor retrato do FC Porto em Guimarães.

A paragem certeira da bola na cabeça de Pepê ao minuto 52 decidiu uma noite também cheia de paragens no jogo – sobretudo na primeira parte – e o FC Porto apanhou em Guimarães um caminho mais aberto para o Jamor (0-1).

Num jogo que foi de mais garra, luta e equilíbrio do que propriamente espetacular, a equipa de Sérgio Conceição conseguiu o mais importante na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal e vai em vantagem para a decisão no Dragão a 17 de abril, onde as duas equipas se encontram já no próximo domingo, para a Liga.

Depois da derrota que comprometeu – e muito – as aspirações do FC Porto na Liga, a vitória azul e branca em Guimarães coroou, no fundo, o que acabou por ser um dragão a mostrar globalmente um pouco mais poder do que o Vitória, que mostrou mais argumentos ofensivos já em desvantagem, mas sem chegar ao empate. Dentro de 14 dias, no Dragão, sabe que está obrigado a marcar.

Vitória-FC Porto: todo o filme do jogo em Guimarães

Obrigado a dar uma resposta estava também um FC Porto que, sem Diogo Costa e Francisco Conceição devido a castigo, teve Cláudio Ramos e Gonçalo Borges como alternativas e ainda Jorge Sánchez na vez de João Mário, perante um Vitória com Bruno Varela na baliza dois meses depois.

Antes disso, uma primeira com pouca história, muitas paragens… e um grande susto.

Jorge Sánchez e Ricardo Mangas chocaram de cabeças e o jogo esteve parado quase nove minutos, dos 15 ao 24. Como já tinha estado mais de um minuto logo a abrir após um lance de Evanilson com Borevkovic. Quebras de ritmo num jogo também quezilento e bravo e que teve mais vida nos nove minutos de compensação do que nos 45 anteriores.

Foi aí que se viu, já depois de um choque de Gonçalo Borges com Bruno Varela que motivou protestos do FC Porto, um cabeceamento de Nico González e um remate de Alan Varela pouco por cima, o primeiro remate do Vitória por João Mendes ao lado e o outro Varela, Bruno, a tapar o ângulo a Gonçalo Borges, talvez o mais mexido na frente – muito solicitado na direita – e a dar que fazer a Ricardo Mangas, com várias bolas perigosas colocadas na área e que tiveram Bruno Gaspar como pronto-socorro dos minhotos.

Se o 0-0 era o espelho de um jogo antagónico com o que por vezes a Taça oferece, era também o espelho do que se passava. A imagem do desespero que se ia vendo, por exemplo, de Sérgio Conceição. E que maior exemplo senão um livre mal estudado entre Nico González e Wendell já a abrir a segunda parte, com Conceição sentado no banco das águas e cara de quem já não sabia mais o que fazer.

Porém - e já depois de Nélson Oliveira fazer o primeiro remate do Vitória à baliza - sabê-lo-iam Galeno e Nico pouco depois. Na esquerda, prepararam a fotografia do golo com que Pepê sorriu e fez sorrir o FC Porto. Bruno Varela deixou escapar a bola, no lance que decidiria o resultado.

A verdade é que foi já em desvantagem que o Vitória se pareceu soltar mais, foi para cima do FC Porto, ganhou terreno, mas nunca conseguiu ameaçar Cláudio Ramos com clareza. Foi mais espírito do que engenho. Kaio César entrou e agitou as águas, mas também levou o D. Afonso Henriques ao desespero quando, ao minuto 85, tinha Jota Silva isolado e quis o lance individual.

Curiosamente, acabou por ser Bruno Varela a evitar males maiores numa parte final de maior vertigem e mais ameaçadora do FC Porto, com duas grandes defesas a homens saídos do banco, Romário Baró e Iván Jaime.

Por fim, na estação de Guimarães, valeu ao FC Porto a paragem na cabeça de Pepê, que deixa o dragão mais encaminhado para encontrar o Sporting na final.